segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Presidente afirma que mídia e nações 'poderosas' não mandam mais no país


Comissão aponta vitória fácil de Correa
Com 56,7% dos votos segundo projeção oficial, ele diz que "países poderosos não mandam" mais no Equador
Presidente anuncia que pretende aprovar lei para criar agência de controle da mídia, que ele diz ter derrotado
SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A QUITO O presidente equatoriano Rafael Correa foi reeleito ontem com 56,7% dos votos para seu terceiro mandato,de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, que projetou o resultado a partir da apuração de votos em quase 40% das seções eleitorais.
O segundo colocado, o ex-banqueiro da Opus Dei Guillermo Lasso, ficou com 24% dos votos na projeção.
Mais cedo, a boca de urna do instituto Cedatos apontava uma vitória arrasadora de Correa, com 58,8% dos votos.
"Nem um passo atrás. Ou mudamos o país agora, ou não o mudamos mais", disse Correa na sacada do Palácio de Carondelet, sede do governo equatoriano, após conhecer o resultado. "Estamos cumprindo o sonho da pátria pequena, o Equador, e da pátria grande, a América Latina. Aqui já não mandam mais os países poderosos, os meios de comunicação. Aqui manda o povo equatoriano."
A chamada Plaza Grande, diante do palácio, estava tomada por uma multidão que carregava bandeiras do partido de Correa, o Alianza Pais. O presidente estava acompanhado da mulher, a belga Anne Malherbe, e dois dos filhos do casal. Lasso admitiu a derrota no começo da noite.
A votação foi tranquila. No final do dia, María Emma Mejía, representante especial da Unasul, declarou que o processo havia ocorrido dentro da normalidade e descartou a possibilidade de fraude.
A eleição também renovará as 137 cadeiras da Assembleia. O partido de Correa deve obter a maioria na Casa. Projeções indicavam que conseguiria cerca de 80 cadeiras.
Em entrevista a jornalistas estrangeiros após a divulgação da parcial, Correa disse que a ampla maioria permitiria governar "sem boicotes, conspirações abertas, sem golpismo".
E destacou, entre as prioridades, a aprovação da Lei de Comunicação, que cria cotas para a concessão de licenças de rádio e uma agência controladora da mídia.
Voltou a atacar a imprensa independente, com quem está rompido desde que assumiu. Disse que a informação é um bem público que não deve ser controlado por "meia dúzia de famílias".
Ele acrescentou que a "imprensa mercantilista, ligada a grandes grupos de interesse, é uma das grandes derrotadas dessa eleição".
Em resposta a um jornalista inglês, que perguntou sobre o asilo do ativista Julian Assange, do WikiLeaks, Correa declarou que a decisão de seu país era soberana e que o desfecho do caso se daria pelas vias diplomáticas. Assange está na Embaixada do Equador em Londres.
OPOSIÇÃO
O presidente competiu com uma oposição fragmentada, que não conseguiu apresentar uma proposta competitiva para desbancar o presidente.
Segundo analistas, as razões para o sucesso de Correa nessas eleições foram a estabilidade política, os relativos bons números da economia e o investimento em planos de assistência social.
Correa tomou posse após uma longa e grande crise institucional, que durou de 1996 a 2006, período no qual o Equador teve sete presidentes. Do ponto de vista econômico, houve melhora nos índices de inflação e também de desemprego.
Enquanto isso, a alta do preço do petróleo e as vendas para a China permitiram que o presidente aumentasse os investimentos em educação e em saúde.
Por fim, o Bono de Desarrollo Humano, política iniciada antes de seu governo, mas aperfeiçoada por ele, destina US$ 50 (cerca de R$ 100) a famílias de baixa renda.

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