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Sete anos depois, Alckmin aceita unir CESP e Emae
Ironia do destino. Governo Alckmin anuncia proposta de unir CESP e EMAE
uma semana após ter se recusado a renovar a concessão da Cesp e sete
anos depois de ter recusado proposta semelhante apresentada pelo
Sinergia CUT e a Bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo,
que teria dado outro destino para a política energética do Estado de São
Paulo.
A proposta, rechaçada pelos tucanos em 2005, era fruto de uma
construção conjunta de parlamentares, sindicalistas, acadêmicos e
analistas, que se contrapunha ao Projeto de Lei nº 02/2005, de
iniciativa do governo tucano, que permitiu a privatização da CTEEP –
Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista e era uma
alternativa para enfrentar a escandalosa dívida da Cesp de R$11 bilhões
na época.
A ideia era a constituição de uma holding, a Companhia Paulista de
Serviços Públicos de Energia e Infra Estrutura, com o capital
equivalente ao valor das ações pertencentes ao Estado de São Paulo,
emitidas pelas empresas estatais de energia elétrica da época: Cesp,
CTEEP e Emae e pela CPP – Companhia Paulista de Parcerias (criada
através da Lei 11.688/2004).
A holding não se apropriaria dos ativos das empresas, apenas seria a
detentora da maioria das ações e o Estado teria o controle acionário. A
holding atenderia, ainda, às exigências de garantia para o aporte de
recursos do BNDES visando equacionar a dívida da CESP de curto prazo.
Porém, o governo paulista sequer discutiu a proposta e preferiu dar
prosseguimento ao rolo compressor da privatização aprovando o PL 02/2005
em 18 de maio de 2005, apesar da forte pressão exercida pelo movimento
sindical e partidos de oposição. Não houve audiências públicas,
debates ou negociações. Sequer emendas foram consideradas.
O PL se converteu na Lei 11.930/2005 que estendeu para a CTEEP as
disposições da Lei n.º 9.361, de 5 de julho de 1996, que criou o
Programa Estadual de Desestatização (presidido por Geraldo Alckmin) e
permitiu a Reestruturação Societária e Patrimonial do Setor Energético
paulista.
Mesmo assim, o governador Alckmin afirmava na época que não iria vender
a CTEEP. Um ano depois a CTEEP foi privatizada em 28 de junho de 2006,
pela bagatela de R$1,193 bilhão para a estatal colombiana
Interconexión Eléctrica S/A., que além de levar um rico e estratégico
patrimônio público localizado no maior Estado do país, se apropriou de
um caixa de R$ 591 milhões. A CTEEP dispunha na época um ativo de cerca
de R$ 5 bilhões.
Inúmeras foram as irregularidades e ilegalidades que permearam este
processo de privatização, como a total falta de transparência e os
fortes indícios de vícios, improbidades que levaram parlamentares,
entidades de classe, Ministério Público Federal e até mesmo
investidores, a solicitarem o cancelamento e adiamento do leilão.
Durante todos os anos que duraram as privatizações no Estado de São
Paulo, os tucanos alegaram que o dinheiro arrecadado com as
privatizações era para sanear as dívidas do Estado.
O valor arrecadado com o Programa Estadual de Desestatização, corrigido
pelo IGP-DI em 31/12/2011, foi de R$ 90,9 bilhões. A dívida do Estado
que em 1994 era de R$ 149 bilhões passou para R$ 193,5 bilhões, em
2011, representando um aumento de 30%. Os valores reais dos recursos
arrecadados pelo PED correspondem a 47% do total da dívida. Ainda cabe
salientar que R$ 42,8 bilhões foram resultantes da venda do setor
energético paulista, ou seja, 47% do patrimônio privatizado.
Sete anos depois, o governador Alckmin propõe a junção da Cesp com a
Emae sem detalhar como isso será feito. Ocorre que as “jóias da coroa”
já se foram com a venda da CTEEP em 2006 e, recentemente, pela não
renovação de 77% do parque gerador da Cesp que envolvem as usinas de
Jupiá, Ilha Solteira e Três Irmãos. A Emae tem sua particularidade
decorrente de restrições por conta de questões ambientais. Centenas de
postos de trabalho de uma mão de obra altamente qualificada foram
eliminados. A dívida do Estado não foi paga. As empresas estatais estão
abandonadas e sucateadas e a dívida da Cesp é de R$ 4 bilhões.
Declarações recentes do secretário de energia de São Paulo, José
Aníbal, deixam clara a total falta de uma política energética para o
Estado. “Nós não vamos fazer qualquer novo investimento. O Estado de São
Paulo não vai botar recursos na Cesp. Não há espaço para investimentos
em São Paulo”, disse Aníbal.
Assim São Paulo foi dilapidado e perdeu sua capacidade de gestão de um
modelo de desenvolvimento que já foi referência para o Brasil.
Alencar Santana Braga, líder da
bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo; Gentil Teixeira
de Freitas, presidente do Sindicato dos Eletricitários de
Campinas/CUT; Maristela Braga, assessora parlamentar da Assembleia
Legislativa de São Paulo – 2002/2006
No Viomundo
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