Do Conversa Afiada - publicado em 02/02/2013
Que monstruosidade – diria o Mauricio Dias – confere tanto poder desestabilizador a tão insignificante ator ?
O conflito institucional entre o Senado e a Justiça tem dois artefatos de efeito retardado.
O Supremo aceitar a denuncia de Gurgel contra Renan.E o Supremo condenar Gurgel por prevaricação e chantagem – como acusa Fernando Collor (Clique aqui para ler e ver “Collor: Senado não pode se curvar ao Gurgel”)
A denúncia de Collor contra Gurgel corre na Corregedoria do Ministerio Público e no Senado – o único foro para cassar o Gurgel.
A de Gurgel contra Renan depende de o Supremo considerar que ele apresentou provas convincentes que justifiquem uma investigação.
Como se sabe, o Senado já absolveu Renan dessas mesmas acusações agora recauchutadas com o Big Ben de Propriá, no dia da votação (Clique aqui para ler “Golpe do MP contra Renan – MP denuncia na hora de votar”)
(Gurgel, com o mesmo Big Ben – Clique aqui para ver o importante depoimento do Miro do Barão de Itararé sobre a “cronometragem” do julgamento do mensalão ( o do PT) – esperou o Supremo fechar as portas de 2012 para tentar, na calada da noite, cassar o mandato do Genoíno. Ainda bem que o Presidente Barbosa devolveu-o ao seu lugar.)
Gurgel também mandou para São Paulo (onde deve haver mais tucanos …) e não para Brasília a denuncia do Marcos Valeriodantas contra Lula.
Como se sabe, o brindeiro Gurgel se transformou na espuma inflamável que pretende incendiar a República.
Com a parcialidade de sua Procuradoria.
E a sistemática incriminação do PT.
O Senado não se curvou ao Gurgel.
E derrotou o PiG e o Gurgel com uma sova: 56 a 18.
Mais votos do que o Renan teve quando foi eleito cinco anos atrás, e ainda não havia acusações contra ele.
Em algum ponto do meio do caminho até essa anunciada crise institucional – inflamada pelo PiG e seus capatazes – alguém tem que tirar o fio do Gurgel da tomada.
Esse equívoco, primeiro da lista, perde o mandato no meio do ano.
E não pode deixar um rastro de cinza ardente atrás dele.
O que o Gurgel quer ?
Proteger-se do Collor na sombra da Casa Grande ?
Prefaciar a segunda edição do livro do Ataulfo Merval de Paiva (*) e entrar pela porta da frente do PiG (**) ?
Qual é a dele ?
Deslocar o centro de decisão politica do país do voto para o Supremo ?
Quem é Gurgel para re-escrever a Constituição ?
Que obras, que talentos, que serviços ao País tem esse cavalheiro ?
De onde veio ?
Para onde vai ?
Que obras já escreveu ?
Em que a História do Ministério Público se enriquecerá com sua desastrada passagem pelo cargo superior da hierarquia ?
Como terá contribuído para deslustrar o Ministério Público ?
Que votos proferiu que, um dia, um estudante de Direito compulsará ?
Que méritos profissionais exibia, além de ser o primeiro da lista ?
Que monstruosidade – diria o Mauricio Dias – confere tanto poder desestabilizador a tão insignificante ator ?
Cabe ao Senado, senão ao Senado, ao Executivo, senão ao Executivo a alguma alma iluminada no Supremo tirar o fio da tomada desse provocador institucional.
O que ele quer ?
Encarcerar o Lula ?
Provar que o Lula é o que o Millenium diz que é: o brasileiro mais corrupto ?
Mais que o Demóstenes ?
Mais que o Cachoeira ?
Impedir a reeleição da Dilma na chapa com o PMDB ?
Quer fechar o Senado ?
Como disse o valoroso senador Pedro Simon nesta sexta-feira: Gurgel, tua biografia ficará um pouco melhor se você renunciar.
Antes de sair ignoto, repudiado, ao fim de um mandato que desonrou.
Paulo Henrique Amorim
(*) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais medíocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão mediocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notoria mediocridade.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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