Por Davis Sena Filho
O
pré-candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves, concedeu uma
entrevista ao jornal espanhol El País. O tucano, como sempre, não disse nada
com coisa nenhuma e mais uma vez não apresentou quaisquer propostas de governo
e projeto de País para que a sociedade brasileira pudesse avaliá-los e,
consequentemente, pensar em outra opção política que possa ocupar o espaço no
lugar do PT.
As
críticas de Aécio Neves ao Governo trabalhista são superficiais e vazias,
porque não passam de lugares comuns, além de não serem acompanhadas de
propostas que façam a maioria do eleitorado brasileiro ter esperança de
concretizar mudanças que viabilizem as expectativas de melhorar a qualidade de
vida e, por sua vez, termos um País mais justo e igualitário.
Acontece
que nos últimos 11 anos o PT de Lula e Dilma Rousseff realizou uma revolução
silenciosa e o País cresceu economicamente e socialmente como nunca se viu
desde os tempos de Getúlio Vargas, ressaltadas as devidas proporções, porque
são eras distintas, momentos históricos diferentes e realidades
desconcertantes, pois o Brasil de Lula e Dilma é um País industrializado,
enquanto Getúlio foi o percussor do desenvolvimento brasileiro, a começar pela
industrialização e pelos direitos trabalhistas.
A
entrevista do tucano Aécio Neves ao El País não chega a lugar algum, porque
para se chegar a um destino é necessário, antes de tudo, começar a jornada ou
simplesmente abrir a porta de saída. E isto, seguramente, o tucano presidenciável
não o fez. Então, vejamos. O que Aécio Neves quer dizer quando afirma que
"Os próximos quatro anos serão muito duros para o Brasil" ou "Precisamos
de um governo rígido?”
Se
algumas pessoas consideram essas afirmativas vagas, eu não as considero. E vou
dizer por quê: quando o tucano fala em "governo rígido", pois
acredita que os próximos quatro anos serão "muito duros", é porque
ele, sub-repticiamente, aponta na direção do que os tucanos pensam sobre
economia e sociedade, o que já mostraram quando governaram o País na década de
1990.
Aécio
em sua entrevista fala aos banqueiros nacionais e internacionais, aos
megaempresários dos setores industriais e comerciais, aos governantes dos
países ricos e, sobretudo, à direita brasileira, que apesar de ter ganhado
muito dinheiro durante os mandatos dos governantes trabalhistas, luta para que
um dos seus retorne ao poder e, por seu turno, retome as políticas de
austeridade econômica, que na verdade significam diminuir os investimentos do
estado, apertar o cinto dos trabalhadores brasileiros, continuar com as
privatizações e privilegiar os interesses dos ricos.
É
o modus operandi dos tucanos e das administrações do PSDB. Essa gente não tem
jeito. Continua a apostar no que não deu certo e por isso teve de ir ao FMI
três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três
vezes. Os tucanos do apagão energético que prejudicou o País durante 14 meses e
do afundamento da P-36, a maior plataforma de produção de petróleo no mundo
cuja construção custou US$ 350 milhões.
Governaram
o Brasil sem cuidados e zelo e o deixaram à deriva, porque a intenção era
vender, alienar o patrimônio público e atender aos interesses dos países ricos
e do mercado internacional de capitais. O ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso — o Neoliberal I — quando saiu do Senado para se candidatar à
Presidência da República anunciou, em um discurso de conotação simbólica, que
Era Vargas estava no fim e que o estado nacional não deveria mais ser
empresarial.
O
tucano quis dizer que a iniciativa privada tomaria as rédeas, os destinos do
País, e deu no que deu: a entrega das estatais, o desemprego e a inflação de
índices altos, a exclusão de milhões de brasileiros do consumo e do atendimento
por intermédio de serviços públicos, como saúde e educação. FHC não construiu
uma única escola técnica e universidade federal, além de destruir os sistemas
de controle gerencial das empresas, pois insistiu em manter o câmbio fixo, além
de ter zerado as reservas internacionais no ano de 1998. E o que aconteceu?
Respondo: o Brasil quebrou novamente. Os tucanos são geniais, não são?
Anos
depois, Lula assume o País. O político trabalhista institui as reservas como
política administrativa. Realiza um forte contingenciamento nos primeiros anos
de suas duas administrações e efetiva um colchão de proteção que fez com País
saísse do atoleiro em que se encontrava. Paga a dívida externa, o Brasil se
torna credor do FMI e cria os PAC 1 e 2, que transformam o País em um canteiro
de obras, de construções, reformas e revitalizações da infraestrutura
brasileira.
Além
disso, Lula criou inúmeros programas sociais que dignificaram o povo, porque o
incluiu ao invés de continuar a excluí-lo, como se fez durante séculos no
Brasil, bem como continuaram a fazê-lo os tucanos, aqueles que governam e
governaram para os ricos, porque querem um País VIP, para poucos e por isso
nunca mais venceram eleições presidenciais, mesmo com o apoio e a cooperação
sistemática de instituições conservadoras e elitistas como o STF e a PGR, além
da cumplicidade infame dos magnatas bilionários da imprensa de negócios
privados.
Lula,
por intermédio de sua política econômica, fez o Brasil conquistar o Investment
Grade, baixou os juros para um dígito e prefixou os juros da dívida interna,
em real e não em dólar, o que, sem sombra de dúvida, deixou os jogadores do
mercado com ódio e até com vontade de derrubá-lo do poder. Todas essas ações
permitiram que as grandes empresas brasileiras se consolidassem no exterior.
Como
se observa, o socialista e trabalhista Lula entende mais de capitalismo dos que
se consideram os baluartes em defesa do capitalismo. A verdade é que os
neoliberais, tucanos ou não, apostam no capitalismo selvagem, na exploração por
si mesma e no sectarismo entre as classes sociais, pois a intenção é favorecer
os "bem nascidos", os privilegiados e manter, a todo custo, o sistema
de castas imposto pelos inquilinos da Casa Grande, que sonham, ardentemente ou
febrilmente, com a volta da escravidão.
A
resumir: os governos trabalhistas de Lula e Dilma Rousseff mostraram, inapelavelmente,
o quanto os tucanos quando governaram foram irresponsáveis, fracassados,
incompetentes, entreguistas, colonizados, subservientes e portadores de um
imenso, gigantesco, incomensurável e inenarrável complexo de vira-latas. E
dessa forma também se conduzem e se comportam os coxinhas de classe média
porta-vozes da Casa Grande, eternos inconformados com a ascensão econômica e
social de 40 milhões de brasileiros que há séculos eram inquilinos da Senzala.
O
presidenciável Aécio Neves já deu a senha em sua entrevista ao jornal espanhol
El País, que é esta: "Precisamos de um governo rígido", ou seja, vão
dar prioridade às questões econômicas geradas pela frieza e impessoalidade dos
gabinetes, porque o que somente interessa aos neoliberais são números, índices
e gráficos, enquanto as questões humanas são relegadas a um segundo plano.
A
verdade é que sempre fez ajustes e levou as leis da economia a sério foram os
mandatários trabalhistas e que estão no poder sob a sigla do PT. Quaisquer
jornalistas, economistas, historiadores, sociólogos e políticos sérios sabem
dessas realidades e verdades. Os tucanos governaram o Brasil no "limite da
nossa irresponsabilidade", como advertiu certa vez, em 1998, o ex-diretor
do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos
Mendonça de Barros, em conversa telefônica cujo assunto era a participação dos
fundos de pensão de estatais na privatização da Telebras. Os mesmos fundos
usados um ano antes na compra e venda da Vale do Rio Doce.
Entretanto,
Aécio se preocupa com o Bolsa Família, e o considera "enraizado". O
tucano mineiro critica: "Mas para o PT ele (Bolsa Família) é um ponto de
chegada, enquanto para nós é um ponto de partida. O Brasil não pode viver
exclusivamente disso". Nada mais pueril e cínico a afirmativa de
presidenciável do PSDB. Para começar, os governos Lula e Dilma implementaram
inúmeros programas, que funcionam como uma rede de proteção social.
Bolsa
Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Brasil Alfabetizado e
Educação de Jovens e Adultos, ProUni, Brasil Carinhoso, Luz para Todos,
Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais - Assistência Técnica e
Extensão Rural, Tarifa Social de Energia Elétrica, Telefone Popular, Minha
Casa, Minha Vida, Isenção de taxa para concursos públicos, Programa de Apoio à
Conservação Ambiental - Bolsa Verde, Brasil sem Miséria, Rede Cegonha, dentre
outros, além da valorização e recuperação do salário mínimo, que passou a ser
tratado como política de estado e não apenas de governo.
Como
se percebe, tais programas são políticas de estado e têm a finalidade de
assegurar a sobrevivência de milhões de pessoas que estão em situação de risco,
vítimas da pobreza, da miséria e do descaso e violência das nossas
"elites" que durante séculos governaram o Brasil e não se deram ao
trabalho de distribuir terras e renda e, consequentemente, promover o
crescimento social daqueles que foram excluídos de gerações após gerações.
Quando se exclui, diminui-se as oportunidades de se ter uma sociedade justa e
democrática. E é exatamente isto que os ricos, os poderosos e os direitistas
não querem. Ponto!
Aécio
Neves tergiversa, manipula e distorce a verdade, a realidade e os fatos. O
tucano sabe o que diz, pois a intenção é criticar para almejar vitória na
corrida eleitoral. A verdade é que os tucanos estão desesperados, pois apesar
dos ataques diários da imprensa venal e alienígena aos governos trabalhistas,
os índices de aprovação da presidenta Dilma Rousseff nas pesquisas são altos e
preocupam os "donos" do establishment, que são os moradores da Casa
Grande e seus agregados e empregados pagos para defender o indefensável, o
imponderável e o injustificável, exemplificados em concentração de renda e de
riqueza, que se observa neste País ainda injusto e violento.
Contudo,
o tucano de Minas tem seus calcanhares de Aquiles, a exemplo do Mensalão
Tucano, do Trensalão Paulista, do Metrosalão Paulista e das privatizações,
essas inesquecíveis a todos os brasileiros que prezam o Brasil. Políticos
conhecidos do PSDB, como José Aníbal e Aloysio Nunes Ferreira são citados nos
escândalos cujas origens são as multinacionais Siemens e Alstom.
Por
sua vez, José Serra, Geraldo Alckmin e o falecido Mário Covas têm seus governos
duramente questionados quanto à corrupção acontecida no decorrer dessas
administrações neoliberais, que alienaram o patrimônio público do povo paulista
e se dedicaram a criar pedágios e a atender os interesses da pior imprensa
mercantil do mundo: a imprensa paulista, exemplificada em O Globo, TV Globo, TV
Band, Folha, Estadão, Veja e Época. Nada é pior. E nada é mais infernal e
destrutivo. A direita escravocrata brasileira em ódio e desencanto!
A
entrevista de Aécio Neves ao El País é completamente vazia, pois o
pré-candidato do PSDB não apresenta propostas e muito menos se compromete com o
desenvolvimento e bem-estar do povo brasileiro. Ele, como todo "bom"
tucano, evita o assunto, porque vive em um mundo paralelo, de altos negócios,
compromissado com o empresariado e com os interesses dos países hegemônicos, como
os Estados Unidos. Aécio é a direita disfarçada de playboy e um sorriso que a
ninguém engana. Vai ser difícil parar para conversar com ele. Aécio Neves
distorce os fatos e manipula a realidade à luz de Lula e de seu guru neoliberal
cujo o nome é FHC. É isso aí.
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