Do Brasil 247
O que se percebe é que mais uma vez o Judiciário deste País demonstra
sua vocação conservadora e completamente divorciada dos interesses da
maioria do povo brasileiro
DAVIS SENA FILHO |
Joaquim Barbosa é um dos juízes do STF. É verdade. Tal juiz mais do que
magistrado é um político. Mas, não é um político qualquer. Ele é também o
presidente do Supremo, e o usa da mesma forma que o juiz e igualmente
político, Gilmar Mendes, que, tal qual a Joaquim Barbosa, transformou o
STF em partido político conservador, de direita, bem como instrumento
contundente da burguesia brasileira contra os interesses da população
brasileira, além de ser um bastião em favor das hostes reacionárias
contra os governantes trabalhistas que ocupam a cadeira da Presidência
da República há 11 anos.
O magistrado Joaquim Barbosa todo mundo sabe quem é. Ele é aquele juiz
presidente do STF que prendeu lideranças petistas sem culpabilidade
comprovada, recusou-se a analisar de forma justa e isenta o caso da
Visanet, além de manter ainda solto o delator do “mensalão” do PT, o
ex-deputado Roberto Jefferson, bem como aparece em fotografias tiradas
em eventos e solenidades do PSDB ao lado do pré-candidato tucano a
presidente, o senador Aécio Neves, e do governador de Minas Gerais,
Antonio Anastasia.
Realmente, a maioria dos juízes do STF envergonha a instituição e,
consequentemente, o estado democrático de direito. E não é que Joaquim
Barbosa, um homem de temperamento intempestivo atendeu ao pleito da
poderosa Fiesp, representada pelo candidato do PMDB ao Governo de São
Paulo, o megaempresário Paulo Skaf, atual presidente desta entidade
empresarial, que historicamente defende causas antipopulares e hoje
sabota a desoneração do IPTU aos mais pobres e engessa o projeto do
prefeito do PT, Fernando Haddad, que ficou a ver navios porque o juiz
Joaquim Barbosa manteve a liminar dos ricos e, por conseguinte, a
correção do imposto proposta pelo petista foi derrotada.
São abomináveis as razões pelas quais se batem gente como Paulo Skaf e
Joaquim Barbosa. O empresário multimilionário tem duas mansões em São
Paulo em bairros onde moram os ricos, cujo IPTU, evidentemente, são
muito altos. Por seu turno, o presidente da Fiesp é o proprietário da
Skaf Participações e Administração de Bens Ltda., e da BTS
Empreendimentos Imobiliários Ltda. Trata-se, então, de um embate
político de ordem econômica e de interesse privado, além de propiciar,
sem dúvida, a desestabilização da administração de Fernando Haddad.
O que se percebe é que mais uma vez o Judiciário deste País demonstra
sua vocação conservadora e completamente divorciada dos interesses da
maioria do povo brasileiro. Tal qual à imprensa de mercado, o Judiciário
também é alienígena. É o STF de um mundo paralelo e das pessoas que têm
patrimônio, muito dinheiro e dos indivíduos que podem mais. A atitude
do juiz não surpreende a ninguém, pois sua magistratura é um apanhado de
decisões propositalmente injustas, porque Joaquim Barbosa, antes de
qualquer coisa, é um político, ideologicamente de direita e que atua e
age de forma violenta, a ter como tribuna a presidência do Supremo
Tribunal Federal.
Os interesses de Paulo Skaf e dos empresários que ele representa foram
protegidos e, portanto, preservados pelo juiz elitista do STF. Enquanto
isso os mais pobres ficam a dançar conforme a música. É sempre assim.
Afinal, temos uma das “elites” empresariais mais egoístas e gananciosas
do mundo e que, sem sombra de dúvida, são as legítimas herdeiras da
escravidão. Não cedem nada, são vazias de quaisquer sentimentos de
solidariedade e não compreendem, de forma alguma, as questões sociais, a
história do Brasil e como se deu a formação de seu povo.
São “elites” fundamentalmente colonizadas e por isso não compreendem o
Brasil, pois se recusam a pensá-lo para desenvolvê-lo e torná-lo
definitivamente autônomo e independente. Por isso, até em questões
consideradas paroquiais, a exemplo do imposto progressivo se tornam
problemas de âmbito nacional. Esta “elite” corrompida pelo tempo não
quer, neste caso, a justiça tributária ao tempo que implanta um
impostômetro na Praça da Sé, mas jamais colocaria um sonegômetro na mesa
praça, para que o povo tenha conhecimento do montante de dinheiro que
os empresários sonegam e enviam para paraísos fiscais.
A “rebelião” burguesa da Fiesp teve a aquiescência de juiz que há muito
tempo mostra para o que veio, que é favorecer os ricos e se aliar a
partidos de direita como o PSDB e o DEM, que quando estiveram no poder
fracassaram de maneira retumbante, pois quebraram o Brasil três vezes,
porque foram ao FMI três vezes. Joaquim Barbosa comete, a meu ver, abuso
de poder e poderia muito bem ser questionado pelo Senado, instituição
que julga os desmandos de juízes de tribunal superior como o é o STF.
Muitas atitudes de Joaquim Barbosa são questionáveis, até porque o
senhor Skaf tem interesses no mínimo questionáveis quando se trata de
uma pessoa que tem duas mansões, uma no Morumbi e a outra no Jardim
América. São os nossos ricos a instrumentalizar a política a seu favor,
além de dar-lhe uma conotação judiciária. Quem não percebe que muitos
dos juízes do STF permitem que grande parte dos brasileiros desconfie de
suas votações e decisões em relação a assuntos que tratam diretamente
do bem-estar da cidadania?
Basta-nos rememorarmos as decisões absurdas de juízes do STF no que diz
respeito a casos como os de Salvatore Cacciola, Roger Abdelmassih,
Regivaldo Pereira Galvão (Taradão), mandante do assassinato da
missionária Dorothy Stang, Luiz Estevão, Daniel Dantas, Antério Mânica,
poderoso agricultor acusado da chacina de Unaí (MG) quando quatro
fiscais do Ministério do Trabalho foram assassinados, bem como os
mensalões do DEM e do PSDB, que nunca foram julgados, além de,
recentemente, os escândalos Alstom e Siemens, que abalaram as estruturas
dos tucanos considerados “bons mocinhos”, conforme apregoado pela
imprensa de mercado.
Dois escândalos bilionários cujos principais acusados são tucanos de
alta patente e com a intenção de mudarem o jogo querem fazer crer que as
acusações de corrupção contra eles são, na verdade, coisas do PT e do
Governo trabalhista, que os acusam e elaboram dossiês, quando a
realidade é que os tucanos de São Paulo estão comprometidos com a Alstom
e a Siemens até a medula há 20 anos, além de muitos outros casos que
realmente deixaram os cidadãos brasileiros e paulistas com os cabelos em
pé e o queixo caído.
Paulo Skaf pediu e foi atendido pelo juiz Joaquim Barbosa. No ano que
vem tem eleições e a direita não vai permitir que o PT e seus candidatos
anunciem o a queda do valor do IPTU, que propiciaria mais justiça
social, porque sobraria mais dinheiro para que, por meio do imposto
progressivo, a prefeitura paulistana pudesse melhorar os bairros pobres e
da periferia por intermédio da urbanização e de serviços públicos de
boa qualidade.
Certamente, e qualquer coxinha sabe disso, que as condições de vida das
pessoas iriam melhorar, os índices de criminalidade decresceriam e a
autoestima das pessoas fariam com que a capital bandeirante ficasse mais
civilizada, porque São Paulo é um cidade violenta, desigual e por isto
injusta. Contudo, o establishment ainda manda, governa e atende, sem
pestanejar ou vacilar, a Casa Grande, que ainda controla setores da vida
pública como o Judiciário e o Ministério Público Federal.
Joaquim Barbosa mais uma vez mostrou para o que veio, porque a Fiesp existe desde os tempos de Pedro Álvares Cabral. É isso aí.
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Postado há 9 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
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