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– Dois dias depois de ter feito uma série de questionamentos sobre o
caso Alstom-Siemens ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
durante sessão no Senado, o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), volta a
ter seu nome envolvido em denúncias do caso. A cópia de um e-mail em
poder da Polícia Federal mostra que o parlamentar, que em 2006 exercia a
função de coordenador da campanha de José Serra, recebeu dicas de um
lobista da Alstom sobre como o governo tucano deveria se comportar no
setor de transportes, caso fosse eleito.
As "instruções" são dadas por Jorge Fagali Neto, apontado como
intermediador de propinas por parte da multinacional francesa, envolvida
em cartel em licitações de trens e metrô, além do setor de energia, no
estado de São Paulo. De acordo com o conteúdo do e-mail, denunciado
pelos jornalistas Ricardo Chapola, Fausto Macedo e Fernando Gallo, do
jornal O Estado de S.Paulo, Fagali Neto ensina Aloysio Nunes sobre como
obter verbas para investir no setor metroferroviário. Ao menos uma das
orientações foi seguida.
Depois que José Serra foi eleito governador de São Paulo e Aloysio Nunes
assumiu a Secretaria da Casa Civil do Estado, o governo assinou um
aditamento de US$ 95 milhões ao contrato de US$ 209 milhões com o Banco
Mundial em 2008, segundo ano da gestão tucana. A verba iria para a
construção da Linha 4-Amarela do Metrô. No email, Fagali Neto
aconselhava: "Para a linha 4, acredito ser possível um aditamento ao
contrato do Banco Mundial". O consórcio Via Amarela, responsável pelas
obras, tinha como uma das sócias a empresa Alstom.
Mas segundo Aloysio Nunes, que diz conhecer Fagali Neto "há muitos
anos", o e-mail é apenas o "alerta de um amigo" sobre o setor naquele
momento. Antes de se tornar consultor da Alstom, Jorge Fagali Neto foi
secretário dos Transportes em 1994 (no governo Luiz Antônio Fleury
Filho), tendo sucedido Aloysio, que deixou o cargo em 1993. Hoje, Fagali
tem US$ 6,5 milhões bloqueados na Suíça por suspeita de lavagem de
dinheiro. Ele é indicado pela PF por suspeita de envolvimento em esquema
de contratos de energia da Alstom e acusado de ter cometido os crimes
de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
No Senado,
na última terça-feira 3, Aloysio Nunes atacou o ministro da Justiça
pela exposição de seu nome no caso, fazendo questionamentos como: por
que as investigações só têm sido feitas em São Paulo, e não envolvem
empresas controladas pelo governo federal? E ainda: quem vazou os
documentos sobre a investigação que estavam em posse da PF? O tucano
sugere, com essas perguntas, que Cardozo tenha agido politicamente com a
denúncia a fim de prejudicar os inimigos do governo petista. E agora,
sua reclamação ainda procede?
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