Foi constrangedor, até para quem não esperava nada. De todas as
bobagens proferidas por Lobão no “Roda Viva” (Augusto Nunes bem que
tentou protegê-lo, mas inutilmente), um aspecto chamou a atenção: a
mitomania.
Lobão fantasia a sua realidade, para usar um eufemismo. Conseguiu se
enrolar miseravelmente a cada vez que a bancada — especialmente a
jornalista Julia Duailibi, do Estadão — fazia uma pergunta mais
contundente sobre sua orientação política. É a favor da ditadura
militar? “Não”, ele dizia. Alguém lia um trecho de seu livro que o
desmentia ou lembrava de uma besteira que falou. E então vinha uma
explicação que misturava indigência mental e pura confusão. Som e fúria
significando nada.
A certa altura, declarou que inventou a cena independente na música
brasileira. Nenhum dos entrevistadores achou aquilo esquisito. No mínimo
porque não existe cena independente. O que ele fez, na verdade, foi
criar uma revista que vinha com um CD de brinde. É um jeito malandro de
vender CD (o papel da revista tem isenção fiscal). Não deu certo e a
culpa é do Pablo Capilé.
A história maluca mais reveladora, porém, diz respeito à Globo. Lobão
pediu desculpas, publicamente, por ter apoiado o PT em 1989, durante um
programa do Faustão. Foi uma “molecagem”. Segundo ele, o “doutor” —
“doutor” — Roberto Marinho teria telefonado para seu pai,
comunicando-lhe que o filho não cantaria mais na emissora. Lobão teria
sido “indexado”.
Digamos que Lobão esteja mesmo numa lista negra e não que tenha saído
do radar da Globo por irrelevância ou seja lá por que motivo. Mas, ei,
quem faz um índex desse tipo não avisa a vítima. Além da conversa
provavelmente fictícia, ficou patente o desespero de Lobão em ser aceito
por quem lhe cuspiu em cima (ao menos em seu universo paranóico).
O sujeito que se orgulhava de ter ficado amigo dos líderes do Comando
Vermelho, que tomou uma chuva de latas e garrafas no Rock In Rio, só
quer amor e se dar bem. Corajoso, o Lobão.
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