sábado, 17 de outubro de 2009

MÍDIA - A imprensa entre o "quarto poder" e o "quarto partido"

Copiado do Blog DE UM SEM-MÍDIA, do amigo Carlos Augusto Dória, que está em Minhas Notícias.
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Saraiva
MÍDIA - A imprensa entre o "quarto poder" e o "quarto partido".
Postado por Carlos Castilho
O confronto entre o presidente norte-americano Barack Obama ao canal de notícias Fox News, também norte-americano, é mais do que uma escaramuça entre um governante e uma emissora de televisão. Também tem implicações mais amplas do que um mero bate boca entre uma assessoria presidencial que passou a ver o Fox News como um partido político de oposição e a emissora que contra-atacou alegando um suposto ataque governamental à liberdade de expressão.O episódio mostra até que ponto as organizações da mídia estão dispostas a politizar o esforço para sobreviver à crise do seu modelo de negócios sem perder o status de “quarto poder”. Até agora o foco das preocupações dos analistas e estudiosos da indústria da comunicação jornalística era o esforço coletivo das empresas em busca de novas fórmulas capazes de recuperar receitas publicitárias e a queda de circulação provocadas pela migração de leitores e anunciantes para a Web.Mas está ficando cada vez mais claro que os conglomerados empresariais da mídia estão decididos a levar seu esforço de sobrevivência também para o terreno da política institucional, transformando o conceito de “quarto poder” de um poder vigilante para um poder participante, ou seja, um partido político de fato e não de direito.Neste sentido, a afirmação da secretária de imprensa de Obama, Anita Dunn, é muito mais uma constatação do que uma crítica. Ela estaria registrando mais ou menos o mesmo fenômeno em curso na Itália, onde o primeiro ministro Silvio Berlusconi se transformou no grande artífice do “quarto poder” formado pela aliança entre a imprensa conservadora e os partidos de direita.O que se nota é que a estratégia de sobrevivência passa pela politização da imprensa na medida em que esta trata de alavancar seus interesses imediatos por meio da pressão política — seja de forma direta, como é o caso do canal Fox News, seja pela aliança com partidos conservadores, como é o caso da Itália, Venezuela e até mesmo da Inglaterra. O megaempresário Rupert Murdoch, dono da maior rede de jornais do mundo, é um ativo protagonista da política britânica, apesar de ter nascido na Austrália e ser cidadão norte-americano.A esquerda radical sempre acusou a imprensa de agir como partido político. Era uma acusação mais ideológica do que estrutural. Hoje a transformação do “quarto poder” no virtual “quarto partido” passou a ser um processo político institucional. Não se trata de achar bom ou mau. É um fato, embora as partes envolvidas tratem de classificá-lo de acordo com seus interesses e projetos.No Brasil, a oposição dos grandes jornais e emissoras de televisão ao governo do presidente Lula já ultrapassou os limites da função fiscalizadora que fundamentava a idéia de “quarto poder”. Passou a ser uma estratégia para tentar esticar o mais possível os benefícios estatais à mídia visando ganhar tempo para a reorganização corporativa destinada a manter posições do jogo político na nova realidade digital.Esta é a única explicação possível para a grande imprensa nacional “pegar no pé” de Lula por qualquer motivo, mesmo admitindo que o empresariado nacional não tem queixas maiores do presidente e que o governo do PT deu ao setor privado tudo aquilo que ele queria e muito mais. Não se trata de uma trama golpista, que alguns estigmatizaram na sigla PIG (Partido da Imprensa Golpista), mas de uma ação calculada dentro do jogo do poder.A partidarização da imprensa é também um sintoma da debilidade dos partidos que se perderam no emaranhado do fisiologismo e da corrupção na tentativa de manter privilégios institucionais. Hoje os políticos e os partidos estão nos últimos lugares na escala de credibilidade e simpatias do público, esvaziando quase todo o sentido da expressão “representantes do povo”.Em sua estratégia de ação partidária para sobreviver à crise estrutural da mídia, a imprensa corre risco de deixar de ser vista como um vigilante “quarto poder” para se transformar num “quarto partido” , tão desacreditado quanto os demais.
Observatório da Imprensa
Postado por BLOG DE UM SEM-MÍDIA às 09:01 0 comentários
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