sábado, 26 de fevereiro de 2011

O que Dilma (não) disse na Folha para irritar tanto meia dúzia de blogueiros?

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE DILMA ROUSSEFF NA FESTA DE 90 ANOS DA FOLHA

Eu queria desejar boa noite a todos os presentes.

Cumprimentar o sr. Michel Temer, vice-presidente da República, o nosso governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a senhora Lu Alckmin. Queria cumprimentar o senador José Sarney, presidente do Senado. Queria cumprimentar também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Cumprimentar o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia. O ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, por meio de quem cumprimento os demais ministros do Supremo presentes a esta cerimônia.

Queria cumprimentar a família Frias, o Luiz, o Otavio, a Maria Cristina, e queria cumprimentar também o senhor José Serra, ex-governador do Estado.

Dirijo um cumprimento especial também aos governadores aqui presentes e também aos ministros de Estado que me acompanham nesta cerimônia. Cumprimento o senhor Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa do Estado.

Queria cumprimentar também todos os senadores, deputados e senadoras, deputados e deputadas federais, deputados e deputadas estaduais. Queria cumprimentar o senhor Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Dirigir um cumprimento especial aos representantes das diferentes religiões que estiveram neste palco.

Dirigir também um cumprimento a todos os funcionários do Grupo Folha. Queria cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas. E a todos aqueles que contribuem para que a Folha seja diariamente levada até nós.

DILMA CUMPRIMENTA TODOS OS PRESENTES

Eu estou aqui representando a Presidência da República, estou aqui como presidente da República. E tenho certeza que cada um de nós percebe, hoje, que o Brasil é um país em desenvolvimento econômico acelerado. Que aspira ser, ao mesmo tempo, um país justo, uma nação justa, sem pobreza, e com cada vez menos desigualdade. Para todos nós isso não é concebível sem democracia. Uma democracia viva, construída com esforço de cada um de nós, e construída ao longo destes anos por todos aqui presentes. Que cresce e se consolida a cada dia. É uma democracia ainda jovem, mas nem por isso mais valorosa e valiosa.

DILMA DEFENDE A LIBERDADE E A DEMOCRACIA

A nossa democracia se fortalece por meio de práticas diárias, como os diferentes processos eleitorais. As discussões que a sociedade trava e que leva até as suas representações políticas. E, sobretudo, pela atividade da liberdade de opinião e de expressão. E, obviamente, uma liberdade que se alicerça, também, na liberdade de crítica, no direito de se expressar e se manifestar de acordo com suas convicções.

DILMA DEFENDE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E OPINIÃO

Nós, quando saímos da ditadura em 1988, consagramos a liberdade de imprensa e rompemos com aquele passado que vedava manifestações e que tornou a censura o pilar de uma atividade que afetou profundamente a imprensa brasileira.

A multiplicidade de pontos de vista, a abordagem investigativa e sem preconceitos dos grandes temas de interesse nacional constituem requisitos indispensáveis para o pleno usufruto da democracia, mesmo quando são irritantes, mesmo quando nos afetam, mesmo quando nos atingem.

E o amadurecimento da consciência cívica da nossa sociedade faz com que nós tenhamos a obrigação de conviver de forma civilizada com as diferenças de opinião, de crença e de propostas.

DILMA DEFENDE A LIBERDADE DE IMPRENSA E A CONVIVÊNCIA CIVILIZADA ENTRE OS QUE PENSAM DIFERENTE

Ao comemorar o aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, este grande jornal brasileiro, o que estamos celebrando também é a existência da liberdade de imprensa no Brasil.

DILMA DIZ QUE AO COMEMORAR O ANIVERSÁRIO DE UM JORNAL COMEMORAMOS NA VERDADE A LIBERDADE DE IMPRENSA

Sabemos que nem sempre foi assim. A censura obrigou o primeiro jornal brasileiro a ser impresso em Londres, a partir de 1808. Nesses 188 anos de independência, é necessário reconhecer que na maior parte do tempo a imprensa brasileira viveu sob algum tipo de censura. De Líbero Badaró a Vladimir Herzog, ser um jornalista no Brasil tem sido um ato de coragem. É esta coragem que aplaudo hoje no aniversário da Folha.

DILMA MOSTRA QUE A LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO FOI A REGRA NA HISTÓRIA DO BRASIL. CITA VLADIMIR HERZOG COMO EXEMPLO DE QUE EXPRESSAR LIVREMENTE A OPINIÃO FOI SEMPRE PERIGOSO NO BRASIL

Uma imprensa livre, plural e investigativa, ela é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que além de ser um país continental, é um país que congrega diferenças culturais apesar da nossa unidade. Um governo deve saber conviver com as críticas dos jornais para ter um compromisso real com a democracia. Porque a democracia exige sobretudo este contraditório, e repito mais uma vez: o convívio civilizado, com a multiplicidade de opiniões, crenças, aspirações.

DILMA DIZ QUE A LIBERDADE DE IMPRENSA É FUNDAMENTAL PARA A DEMOCRACIA E QUE OS GOVERNANTES DEVEM APRENDER A CONVIVER COM CRÍTICAS

Este evento é também uma homenagem à obra e ao legado de um grande empresário. Um homem que é referência para toda a imprensa brasileira. Octavio Frias de Oliveira foi um exemplo de jornalismo dinâmico e inovador. Trabalhador desde os 14 anos de idade, Octavio Frias transformou a Folha de S.Paulo em um dos jornais mais importantes do nosso país. E foi responsável por revolucionar a forma de se fazer jornalismo no nosso Brasil.

DILMA ELOGIA O CRIADOR DA FOLHA COMO É HOJE POR SUAS HABILIDADES COMO EMPRESÁRIO. QUANDO O DITO CUJO TORNOU-SE SÓCIO DA EMPRESA A FOLHA NÃO ERA NADA E TORNOU-SE COM ELE O MAIOR JORNAL DO PAÍS.

Soube, por exemplo, levar o seu jornal a ocupar espaços decisivos em momentos marcantes da nossa história, como foi o caso da campanha das Diretas-Já. Soube também promover uma série de inovações tecnológicas, tanto nas versões impressas dos seus jornais, como nas novas fronteiras digitais da internet.

DEPOIS DE APOIAR FERVOROSAMENTE A DITADURA OTAVIÃO CONTRATOU EXCELENTES JORNALISTAS E A FOLHA FOI O JORNAL QUE MAIS DEFENDEU AS DIRETAS JÁ E O FIM DA DITADURA

Reafirmo nessa homenagem aos 90 anos da Folha de S.Paulo meu compromisso inabalável com a garantia plena das liberdades democráticas, entre elas a liberdade de imprensa e de opinião.

Sei que o jornalismo impresso atravessa um momento especial na sua história. A revolução tecnológica proporcionada pela internet modificou para sempre os hábitos dos leitores e, principalmente, a relação desses leitores com seus jornais. Como oferecer um produto que acompanhe a velocidade tecnológica e não perca a sua profundidade? Como aceitar as críticas dos leitores e torná-las um ativo do jornal?

Sei que as senhoras e os senhores conhecem a dimensão do desafio que enfrentam, e que, com a mesma dedicação com que enfrentaram a censura, irão encontrar a resposta para esse novo desafio. E desejo a vocês o que nesse caminho sintetiza melhor o sucesso: que dentro de 90 anos a Folha continue sendo tão importante como agora para se entender o Brasil.

DILMA FALA SOBRE A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA QUE AMEAÇA ACABAR COM OS JORNAIS IMPRESSOS E DIZ ESPERAR QUE ELES ENCONTREM A SOLUÇÃO PARA MANTER SUA IMPORTÂNCIA NO FUTURO

É nesse espírito que parabenizo a Folha pelos seus 90 anos. Parabenizo cada um daqueles que contribuem, e daquelas que contribuem, para que ela chegue à luz. A todos esses profissionais que lhe dedicam diariamente o melhor do seu talento e do seu trabalho.

DILMA PARABENIZA A EMPRESA E SEUS FUNCIONÁRIOS...

Por fim, reitero sempre, que no Brasil de hoje, nesse Brasil com uma democracia tão nova, todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras.

...E REITERA SUA DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Muito obrigada.

Diante do fato acima imagino que quem sentiu-se "traído" pela presidenta não leu o discurso, ou é burro, ou é fanático, ou todas as coisas juntas. Em qualquer caso peço a gentileza de filiarem-se ao PSOL, ou similar, e irem o encher o saco de outro.

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