Por Martha Funke | Para o Valor, de São Paulo
A nova posição do Brasil no cenário mundial desperta o interesse de
instituições de ensino estrangeiras. E programa aprovado pela presidente
Dilma Rousseff – de concessão de 75 mil bolsas de estudo no exterior a
partir do ano que vem, contra as 6 mil atuais – reforça essa visão. “As
iniciativas em busca de alunos brasileiros têm crescido. O Brasil está
em evidência”, confirma Thais Burmeister Pires, coordenadora do
EducationUSA, centro oficial do governo americano para orientar estudos
no país.
Encerrado em junho, o ano acadêmico nos EUA contou com 8.777 alunos
daqui. Em 2010, foram 8.786. Para aumentar esse índice, desde 2006, o
centro realiza feira de universidades no Brasil, que neste ano reuniu 59
escolas – foram 42 em 2010 e 25 em 2009. Segundo Thais, neste ano o
EducationUSA contabilizou mais de cem representantes de instituições
interessadas em recrutar estudantes locais, como escolas da Columbia e
de Princeton, e outras menores, da área de negócios, como a Clark, de
Massachusetts, com bolsas de até 100%, e a Willamette, do Oregon, uma
das dez melhores escolas para empreendedores no ranking da revista
“Inc.”, por reunir candidatos a investidores-anjos.
Muitas avaliam a possibilidade de trazer o curso até aqui. A
Universidade de Pittsburgh, por exemplo, já está na 12ª turma do MBA
Executivo que ministra na Câmara Americana de Comércio Brasil-EUA
(Amcham), na capital paulista, e Harvard abriu em 2006 escritório em São
Paulo. A lista inclui a Duke, da Carolina do Norte, integrante da Ivy
League – nome dado às instituições de maior prestígio no país – e a
Kenan Flager Business School, do mesmo Estado, participante do consórcio
que oferece o programa internacional OneMBA, reunindo instituições do
México, da Holanda, de Hong Kong e São Paulo, onde ministra aulas na
Fundação Getúlio Vargas.
Neste ano, o evento Grandes Universidades, da Fundação Estudar,
trouxe ao Brasil Nitin Nohria, reitor da Harvard Business School – cujo
curso Owner/ President Management Program (OPM) é objeto de desejo dos
brasileiros -, e Peter Salovey, diretor acadêmico de Yale. “No ano que
vem vamos ter Oxford e Columbia”, antecipa a diretora executiva da
fundação, Thaís Junqueira.
O Canadá, por sua vez, organizou a feira Imagine Estudar no Canadá
com 68 instituições, incluindo 18 universidades – 14 oferecem programas
de MBA – e 15 faculdades. Segundo a vice-consulesa comercial Heather
Bystryk, o evento atraiu cerca de 4 mil visitantes, 25% interessados em
pós-graduação.
“O Canadá e o terceiro país com maior número de escolas de MBA no
ranking global do Financial Times”, ressalta Heather, observando que,
diferente do Brasil, no Canadá os cursos de MBA são estrito senso. A
estimativa é que, em 2010, o número de estudantes brasileiros no país
tenha crescido 4% sobre o ano anterior, somando 16 mil alunos,
principalmente em cursos de inglês.
Já os europeus trouxeram este ano o evento realizado desde 2000 no
México, na Argentina e na Colômbia. Promovido em conjunto por
instituições de fomento ao ensino superior da França (CampusFrance), da
Alemanha (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico – DAAD) e da Holanda
(Organização Neerlandesa para a Cooperação Internacional no Ensino
Superior – NUFFIC), o Euro-Pós reuniu 97 estandes de expositores do
Brasil e de 13 países da Europa e atraiu 9 mil participantes. A França
ainda levou, na sequência, parte das instituições presentes ao Recife
(PE) e as demais, a Porto Alegre (RS).
Segundo Thierry Valentin, diretor do Centro Franco-Brasileiro de
Documentação Técnica e Científica (CenDoTec) e do CampusFrance, um dos
responsáveis pela organização do evento no Brasil, o público corporativo
foi um dos focos de interesse, em parte pelo aquecimento das relações
econômicas e politicas entre os dois países. “Temos mais de 500 empresas
francesas no Brasil e das 40 listadas na bolsa de lá, 38 estão aqui”,
diz. Segundo ele, nos últimos cinco anos o número de estudantes
brasileiros na França dobrou e hoje são cerca de 3 mil, enquanto o
número de franceses no Brasil mal chega a 500. Os setores mais
procurados são economia e administração, seguidos por engenharia e
ciências.
Postado por Luis Favre
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Tags: becas, estudantes, governo Dilma
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