Assis Moreira | VALOR
De Coimbra
A presidente Dilma Rousseff fez uma bem sucedida visita a Universidade de Coimbra, ontem, onde beijou estudante, parou para fotografar várias vezes, preferiu se deslocar a pé entre os locais visitados e, para variar, acabou fazendo cobrança pública ao seu ministro de Educação, Fernando Haddad.
Quando retornou ao hotel, encontrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na recepção. “Vê se a gente está com cara de estar brigado aqui”, desafiou Lula na direção dos jornalistas. A presidente cumprimentou a ex-primeira dama Marisa com elogios: “Você está linda.”
“Como Dilma é carismática”, comentou uma professora da universidade, visivelmente entusiasmada com a presidente, durante a visita. “Ela foi uma verdadeira sucessora de Lula”, comentou um membro da delegação Por sua vez, o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, atribuiu a imagem de uma Dilma durona a “alguns jornalistas”.
O ambiente era propício para a tietagem que ocorreu junto a Dilma. São 979 estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra, 5% do total de estudantes. Boa parte tem bolsas de estudos do governo brasileiro. Outros dizem estar aqui porque pagam anuidade mais barata do que pagariam em universidades brasileiras.
“Dilma, Dilma”, gritavam alguns estudantes. Quando um grupo de brasileiros cantou “sou brasileiro com muito orgulho”, a presidente ensaiou passos de dança. E defronte das câmeras de TV, não hesitou em abraçar e beijar um estudante que lhe presenteou com um livro de um escritor japonês.
Ela ouviu atenta a reivindicação dos estudantes, para que o governo acelere a revalidação dos diplomas que obtêm no exterior. “Fernando, ouve isso aqui, eles estão reclamando da burocracia”, falou a presidente a seu ministro da Educação, Fernando Haddad. Mais tarde, o ministro disse que Lula faria cobrança idêntica. No entusiasmo do ambiente, os dois prometeram mandar mais alunos brasileiros para o exterior.
Enquanto isso, Lula chegou ao hotel, procedente de Lisboa. Ao encontrar alguns jornalistas, insistiu que “não tinha ponteiros a acertar” com Dilma porque não havia divergência entre eles.
Dilma chegou logo depois e deu longa resposta, sorrindo, também para desarmar os rumores de mal-estar entre ambos. “O mal-estar é de vocês”, disse. “Eu e o presidente Lula não temos nenhum mal-estar. continuamos sistematicamente nos encontrando de 15 em 15 dias aproximadamente, até porque sempre temos muito o que conversar.”
“Vocês nunca se esqueçam, eu trabalhei com o presidente Lula e é assim. Tenho com o presidente Lula um acúmulo de experiência comum que para mim é muito importante. Ele para mim é um grande interlocutor. O presidente Lula é um estadista. Uma pessoa com uma baita experiência de Brasil”, disse.
A presidente acrescentou: “Eu gostaria de saber a troco de que eu não vou compartilhar não só a minha amizade, porque tenho uma relação afetiva com o Lula. Vocês podem tentar tudo, mas é impossível separar a minha trajetória da trajetória do presidente Lula.”
E completou: “Isso não significa que eu e ele sejamos as mesmas pessoas. Nós não somos, mas somos pessoas que atingiram um patamar de respeito, com quem tenho imenso prazer em compartilhar as minhas horas e a minha experiência.”
Pouco depois, com a noticia da morte de Alencar, o clima era de tristeza o que reuniu ainda mais os dois.
Ao receber o titulo de doutor “honoris causa” da Universidade de Coimbra, Lula terá que pagar uma “propina”, como dizem os portugueses. O reitor receberá dele dois quilos de castanhas de ovos. Em troca, receberá um anel de ouro de 13 gramas com um rubi “cor de sangue de pombo”. No momento central da cerimônia, o reitor, em discurso em latim, pergunta a Lula: “Quid petis?”, ao que Lula responderá: “Gradum doctoratus”.
Postado por Luis FavreComentários Tags: Dilma Rousseff, Lula, Universidade de Coimbra
Do Blog do Favre.
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