A visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil foi marcada mais pelo populismo e pela tentativa de alavancar negócios das empresas estadunidenses.
A viagem ao Brasil, ainda no começo do mandato de Dilma, não é eficiente antes de amadurecer acordos, mas tem algumas explicações, inclusive de olho no calendário eleitoral dos EUA, mas a maior razão da pressa de Obama parece ser a visita que a presidenta fará à China no mês que vem, onde encontrará, além dos governantes chineses, também articulará com a Rússia e a India, no encontro dos BRIC's.
Dilma abriu suas viagens internacionais com Argentina, vai à Portugal acompanhar o presidente Lula receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra, e segue para a China, onde terá reuniões bilaterais sino-brasileiras e multilaterias com os BRIC's. Os EUA estavam ficando para depois, e devem ter resolvido fazer um gesto buscando maior aproximação, para tentar evitar maior perda de terreno.
Os EUA perderam mercado para a China e para os outros BRIC's no Brasil e na América Latina. Então Obama veio com uma delegação de empresários tentar melhorar esse quadro. Deve ter sofrido pressões internas do empresariado estadunidense para melhorar relações com a América Latina, no momento em que a região não sofreu tanto os efeitos da crise internacional e cresce de forma sustentável.
Mas o que o Brasil ganha com isso? Num primeiro momento, nem Brasil, nem EUA não ganham quase nada, porque nenhum fez concessões ao outro, no sentido de abrir mais seu mercado. Mas na política, as conversas tem uma lógica bem diferente que pode trazer bons resultados para o Brasil em breve.
Quando o Brasil senta-se na mesa de negociação com os EUA, a China é concorrente de ambos. Ela tira vendas do Brasil para os EUA, e tira vendas dos EUA ao Brasil, devido ao câmbio subvalorizado, à falta de direitos trabalhistas que Brasil e EUA tem, com o consequente baixo custo da mão-de-obra, a pirataria, e a resistência a reduzir a poluição para não encarecer a produção. Nestes aspectos os interesses do Brasil e dos EUA são comuns contra a China, podem agir em conjunto contra as eventuais más práticas comerciais da China, naquilo que atinge os dois países.
Quando o Brasil senta-se na mesa de negociação com a China, os EUA é concorrente de ambos. Quando força a desvalorização do dólar, prejudica os dois países. Quando resiste a abrir mercado para alguns produtos, também. Quando resiste a assumir compromissos de reduzir a poluição também influi na competitividade dos países que gastam mais para ter energia limpa. Também podem agir em conjunto contra os EUA naquilo que prejudica ambos.
Sabendo fazer esse jogo, na hora certa, com as peculiaridades de cada um dos dois lados, com a competência que o presidente Lula soube fazer em seus 8 anos de governo, o Brasil só terá a ganhar.
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