O diabo veste prada |
Cardeal Tarcisio Bertone nega divisões na Igreja Católica
O Vaticano parece já ter encontrado os culpados do escândalo sobre a divulgação de documentos que alegam corrupção e divisões no seio da Igreja Católica. Segundo o secretário de Estado Tarcisio Bertone, os responsáveis são os jornalistas e... o diabo.
"Muitos jornalistas estão a tentar imitar o Dan Brown. Eles continuam a inventar histórias e a repetir lendas", afirmou o número 2 do Vaticano, referindo-se ao escritor de "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demônios", livros sobre, precisamente, escândalos e lutas de poder na Igreja Católica.
Numa entrevista à revista católica italiana "Famiglia Cristiana", que estará nas bancas na quinta-feira, o cardeal critica a "veemência" com que os jornais italianos pretendem criar polêmicas entre o Papa e os seus colaboradores. "A verdade é que há uma tentativa de criar uma divisão que vem do diabo", acrescentou.
Este é o primeiro sinal de que o Vaticano passou ao ataque em relação ao caso dos documentos confidenciais tornados públicos. E não é por acaso que é Tarcisio Bertone, o principal alvo de um livro recentemente divulgado, o porta-voz da indignação.
"Nenhum de nós quer esconder as sombras e os defeitos da Igreja, mas nunca vi nenhum sinal de cardeais ou personalidades da igreja envolvidos em alguma conquista por um poder fantasma", continuou, alegando que a imprensa viola o direito à privacidade através da divulgação da correspondência do Papa Bento XVI.
Para o secretário de Estado do Vaticano, a imprensa "ignora intencionalmente" as coisas boas que a Igreja faz, numa "tentativa de desestabilizar" a estrutura, com "mesquinhez e mentiras".
O escândalo "VatiLeaks" já fez cair o mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, que foi preso e acusado roubar documentos confidenciais, descobertos no seu apartamento, e o presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi.
Também o Papa já comentou que as reportagens dos jornais italianos "foram muito além dos fatos, dando uma imagem da Santa Sé que não corresponde à realidade".
Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista de Tarcisio Bertone, o porta-voz do Vaticano sublinhou que não quer fazer "condenações generalizadas", mas adiantou que alguma da cobertura jornalística não foi "sustentada na objetividade". "Tenham cuidado com as vossas fontes", avisou Federico Lombardi.
O escândalo começou com uma carta de um arcebispo a queixar-se ao Papa da corrupção no Vaticano. A comissão de cardeais que está a investigar o caso já interrogou 23 pessoas. Recorde-se que a técnica de culpar a imprensa já foi utilizada quando o escândalo de abusos sexuais começou a ser divulgado.
No TVI24
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