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Justiça mantém Cachoeira na cadeia
STJ cassa habeas corpus concedido ao bicheiro na Operação Monte Carlo, e o TJDFT mantém ordem de prisão da Saint-Michel
O bicheiro Carlinhos Cachoeira sofreu duas derrotas na Justiça ontem. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp cassou a liminar dada pelo desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que concedia liberdade ao contraventor, no inquérito na Operação Monte Carlo. Já o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) negou, por três votos a zero, a soltura do contraventor no inquérito na Operação Saint-Michel, um desdobramento da Monte Carlo. Com as decisões, Cachoeira continua com duas ordens de prisão.
O julgamento no Tribunal de Justiça do DF ocorreu na 2ª Turma Criminal. O relator do caso, desembargador José Carlos Souza e Avila, avaliou que uma soltura “precipitada” de Cachoeira, preso há 121 dias, poderia resultar na destruição de provas e na intimidação de testemunhas. “A influência política e os poderes econômicos do grupo impressionam. Em liberdade, a investigação pode ser prejudicada”, afirmou.
Na avaliação do desembargador, a fortuna que o contraventor tem é incalculável e se origina, sobretudo, do lucro com os jogos de azar. “Ele financiava o pagamento de propinas, intermediava relações com políticos de expressão e se apresentava como ‘o homem’. Ele foi o responsável por criar um edital forjado no DFTrans para servir à Delta. As gravações telefônicas mostram os diretores da empresa em permanente contato com ele”, disse o desembargador.
A defesa alegou que o tribunal do DF não tem autoridade legal para processar Carlinhos Cachoeira, pois a Operação Saint-Michel, da Polícia Civil, é um desdobramento da Monte Carlo, da Polícia Federal, de âmbito nacional. Segundo os advogados, de todos os presos até agora, apenas Cachoeira detido. A defesa anunciou que irá recorrer ao STJ na próxima semana.
Máfia
A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, acompanhou a sessão desde o início ao lado de familiares do marido. Ela deixou a sessão logo depois que a 2ª Turma Criminal definiu, já no segundo voto, a continuidade da prisão de Cachoeira. Cercada por jornalistas e perdida nos corredores do tribunal, ela não quis falar. Durante a sessão, porém, cochichava com parentes do bicheiro e enviou várias mensagens no celular. Em uma delas, recebeu um SMS: “Saiba que você é uma vencedora”. Demonstrou preocupação e nervosismo quando ouvia acusações contra o marido, e chegou a pedir água com açúcar enquanto o relator lia o seu voto. “Vou embora, senão vou passar mal.”
Ao ouvir do relator que o Cachoeira comandava uma máfia, riu ironicamente. Constantemente balançava a cabeça de forma negativa e apertava a mão da cunhada, que, às vezes, se recusava a olhar para o plenário. No fim, o pai do bicheiro, Tião Cachoeira, disse que estava decepcionado. Cachoeira segue preso na Papuda.
STJ cassa habeas corpus concedido ao bicheiro na Operação Monte Carlo, e o TJDFT mantém ordem de prisão da Saint-Michel
LEANDRO KLEBER
ANA MARIA CAMPOS
ANA MARIA CAMPOS
Andressa, mulher do bicheiro, deixa o tribunal: defesa vai recorrer |
O bicheiro Carlinhos Cachoeira sofreu duas derrotas na Justiça ontem. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp cassou a liminar dada pelo desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que concedia liberdade ao contraventor, no inquérito na Operação Monte Carlo. Já o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) negou, por três votos a zero, a soltura do contraventor no inquérito na Operação Saint-Michel, um desdobramento da Monte Carlo. Com as decisões, Cachoeira continua com duas ordens de prisão.
O julgamento no Tribunal de Justiça do DF ocorreu na 2ª Turma Criminal. O relator do caso, desembargador José Carlos Souza e Avila, avaliou que uma soltura “precipitada” de Cachoeira, preso há 121 dias, poderia resultar na destruição de provas e na intimidação de testemunhas. “A influência política e os poderes econômicos do grupo impressionam. Em liberdade, a investigação pode ser prejudicada”, afirmou.
Na avaliação do desembargador, a fortuna que o contraventor tem é incalculável e se origina, sobretudo, do lucro com os jogos de azar. “Ele financiava o pagamento de propinas, intermediava relações com políticos de expressão e se apresentava como ‘o homem’. Ele foi o responsável por criar um edital forjado no DFTrans para servir à Delta. As gravações telefônicas mostram os diretores da empresa em permanente contato com ele”, disse o desembargador.
A defesa alegou que o tribunal do DF não tem autoridade legal para processar Carlinhos Cachoeira, pois a Operação Saint-Michel, da Polícia Civil, é um desdobramento da Monte Carlo, da Polícia Federal, de âmbito nacional. Segundo os advogados, de todos os presos até agora, apenas Cachoeira detido. A defesa anunciou que irá recorrer ao STJ na próxima semana.
Máfia
A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, acompanhou a sessão desde o início ao lado de familiares do marido. Ela deixou a sessão logo depois que a 2ª Turma Criminal definiu, já no segundo voto, a continuidade da prisão de Cachoeira. Cercada por jornalistas e perdida nos corredores do tribunal, ela não quis falar. Durante a sessão, porém, cochichava com parentes do bicheiro e enviou várias mensagens no celular. Em uma delas, recebeu um SMS: “Saiba que você é uma vencedora”. Demonstrou preocupação e nervosismo quando ouvia acusações contra o marido, e chegou a pedir água com açúcar enquanto o relator lia o seu voto. “Vou embora, senão vou passar mal.”
Ao ouvir do relator que o Cachoeira comandava uma máfia, riu ironicamente. Constantemente balançava a cabeça de forma negativa e apertava a mão da cunhada, que, às vezes, se recusava a olhar para o plenário. No fim, o pai do bicheiro, Tião Cachoeira, disse que estava decepcionado. Cachoeira segue preso na Papuda.
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