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A polêmica sobre o tratamento dado aos brasileiros que viajam à Espanha
guarda mais relação com decisões a serem tomadas no âmbito
governamental, no entanto, de acordo com assessores que preparam a
visita, o rei deverá usar sua imagem de chefe de Estado para amenizar a
situação na conversa com a presidenta.
Além disso, o rei visita o Brasil exatamente quando ocorre, em Madri,
uma reunião bilateral sobre questões migratórias, com a participação da
ministra Maria Luiza Lopes da Silva, diretora da Divisão de Políticas
Consulares e de Brasileiros no Exterior do Ministério de Relações
Exteriores (MRE). O desconforto entre os dois países é causado
principalmente pelo tratamento considerado “inadequado” conferido pelas
autoridades espanholas aos brasileiros que chegam ao país ibérico.
A visita de Juan Carlos também ocorre dois meses depois que o Brasil
adotou medidas recíprocas referentes às exigências para que turistas
espanhóis entrem no país. Só após a adoção dessas medidas, o governo da
Espanha concordou em negociar mudanças nas exigências para a entrada de
brasileiros.
Desde 2007, cerca de 11 mil brasileiros foram barrados ao tentar entrar
na Espanha, um número que, apesar de ser considerado alto pelas
autoridades brasileiras, vem caindo ao longo dos anos, devido a esforços
diplomáticos do governo brasileiro para que a Espanha defina bem os
critérios exigidos para a entrada no país.
Em 2007, 3.013 brasileiros não foram admitidos. Em 2008, de acordo com
dados do Itamaraty esse número foi 2.196. Já em 2009, o numero de
brasileiros inadmitidos no país europeu caiu para 1.714 e em 2012 foram
1.695 os barrados. No ano passado, 1.402 brasileiros tiveram que
retornar ao Brasil ao serem impedidos de entrar na Espanha e até 31 de
abril deste ano o número é 299, de acordo com dados levantados pelo
governo brasileiro.
O número que não diminui, no entanto, de acordo com o MRE, é o de
queixas dos brasileiros em relação ao tratamento recebido das
autoridades espanholas. A inadequação relatada nas queixas reflete
problemas no trato, nas acomodações e no tempo em que os brasileiros
precisam esperar para que se proceda a volta ao país. Na Espanha, houve
casos de cidadãos brasileiros ficarem até três dias detidos no
aeroporto.
Entre as exigências hoje em vigor estão passagem de volta marcada, que a
pessoa tenha no mínimo o equivalente a R$ 170 diários para bancar a
permanência, passaporte com pelo menos seis meses de validade, reservas
confirmadas em hotéis ou, no caso de quem se hospeda em casa de amigos
ou parentes, uma carta-convite registrada em cartório.
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