O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou
irritadíssimo com a matéria de capa da CartaCapital desta semana. Ele já
anunciou que irá processar a revista. Em conversa com Reinaldo Azevedo,
o pitbull da Veja, ele chegou a dizer que a reportagem é “coisa de
bandidos” e insinuou que ela foi obra do PT. “Cheguei a pensar que eles
fossem me acusar de ter matado o Celso Daniel”.
A matéria da CartaCapital, com base em documentos que revelam que Gilmar
Mendes recebeu R$ 185 mil do caixa dois da campanha à reeleição de
Eduardo Azeredo ao governo mineiro, em 1998, agitou o STF – que se
prepara para julgar o chamado “mensalão do PT”. Ela colocou em suspeição
a participação no julgamento do ministro, agora acusado de envolvimento
no chamado “mensalão tucano”.
"Autoritário até a truculência"
Diante da ameaça da abertura de processo, o jornalista Mino Carta,
proprietário e editor da CartaCapital, desdenhou o bravateiro.
“Autoritário até a truculência, Mendes é aquele que chamou às falas o
presidente Lula. E denunciou ser vítima do grampo, executado pelos
agentes da Abin, de suas conversas com o amigão Demóstenes Torres,
escuta que nunca houve”.
“Mendes é sócio de um instituto de ensino, a contrariar a Lei Orgânica
da Magistratura, que exige dedicação exclusiva... Mendes é também
acusador de Lula ex-presidente, apontado, um mês depois dos eventos
alegados, como autor de pressões para influenciar seu voto no processo
do ‘mensalão’. Foi desmentido inexoravelmente pelo próprio ex-ministro
Nelson Jobim, anfitrião do encontro com Lula”.
Suspeição mais que evidente
Para Mino Carta, a reportagem de capa desta semana simplesmente faz o
ministro do STF voltar à ribalta. Ela talvez explique as razões do seu
voto contrário à investigação do chamado “mensalão tucano” e justifique a
sua exclusão do julgamento do chamado “mensalão do PT”. Como conclui o
editor da CartaCapital, “a suspeição de Mendes no processo que se inicia
é muito mais que evidente”.
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