sábado, 27 de outubro de 2012

Dados da educação em São Paulo estão escondidos

Num duro editorial, a Folha, de Otávio Frias, ataca a “prova de incompetência” da prefeitura de São Paulo, que ainda não conseguiu divulgar a média de avaliação dos alunos, que registraria queda acentuada de desempenho; vice de Serra, Alexandre Schneider, era o secretário municipal de Educação

A educação em São Paulo vai mal. E quem diz é a Folha de S. Paulo, que acusa, em editorial, a prefeitura de não divulgar os dados de uma avaliação dos alunos, na qual teria forte queda de desempenho. O ex-secretário Alexandre Schneider é vice de Serra. Leia o texto:

Prova de incompetência

Está mal contada a história da divulgação de dados da Prova São Paulo pela prefeitura. Normalmente apresentadas até abril do ano seguinte, as médias dos alunos da rede municipal na avaliação de 2011 ainda não foram publicadas.

Como revelou esta Folha, os resultados que ainda não vieram a público registram, em relação a 2010, queda acentuada no desempenho dos estudantes do terceiro e do quarto anos e alta no nono ano.

É arriscado concluir que a demora na divulgação se deu por motivos eleitorais, mas é também ingênuo excluir a hipótese de pronto. Soa verossímil, contudo, a explicação da prefeitura de que precisa auditar possíveis erros na metodologia usada para calcular a média.

Redes muito grandes como a paulistana, com quase 1 milhão de alunos, não mudam muito de um ano a outro. Quando avaliações trazem variações bruscas num intervalo curto e contra a tendência, a explicação mais provável é algum equívoco na calibragem do exame.

A prudência manda segurar a divulgação de números que possam estar errados. Mas a prefeitura seria igualmente ciosa caso as notas tivessem melhorado demais?

O mais grave é a pouca transparência da Secretaria de Educação. Ela só se manifestou sobre o atraso após indagação da Folha e não parece ter pressa em pôr os dados à disposição dos interessados.

Os alunos fizeram a Prova São Paulo em novembro do ano passado, a um custo de R$ 6 milhões para os cofres municipais. Desde março, os resultados individuais, sobre os quais não há suspeita de erro, foram remetidos às escolas.

Isso significa que os dados brutos coletados estão corretos, o que torna quase inconcebível que, em sete meses, a prefeitura ainda não tenha conseguido recalcular as médias. É tempo mais do que suficiente para a tarefa.

A situação é grave porque a avaliação não é medalha para ser conferida à administração deste ou daquele alcaide e seus aliados, mas uma ferramenta de acompanhamento valiosa. Um dos mecanismos importantes é justamente a comparação de desempenhos individuais com a média da rede.

A condição é que as informações sejam divulgadas em tempo hábil para que educadores e administradores possam tomar providências. Sistemas de outros países conseguem disponibilizar resultados de provas semelhantes em nove semanas. No ritmo de Gilberto Kassab, já são 11 meses.

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Também do Blog TERRA BRASILIS.

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