Num duro editorial, a Folha, de Otávio Frias, ataca a “prova de incompetência” da prefeitura de São Paulo, que ainda não conseguiu divulgar a média de avaliação dos alunos, que registraria queda acentuada de desempenho; vice de Serra, Alexandre Schneider, era o secretário municipal de Educação
A educação em São Paulo vai mal. E quem diz é a Folha
de S. Paulo, que acusa, em editorial, a prefeitura de não divulgar os
dados de uma avaliação dos alunos, na qual teria forte queda de
desempenho. O ex-secretário Alexandre Schneider é vice de Serra. Leia o
texto:
Prova de incompetência
Está mal contada a história da divulgação de dados da Prova São Paulo
pela prefeitura. Normalmente apresentadas até abril do ano seguinte, as
médias dos alunos da rede municipal na avaliação de 2011 ainda não
foram publicadas.
Como revelou esta Folha, os resultados que ainda não
vieram a público registram, em relação a 2010, queda acentuada no
desempenho dos estudantes do terceiro e do quarto anos e alta no nono
ano.
É arriscado concluir que a demora na divulgação se deu por motivos
eleitorais, mas é também ingênuo excluir a hipótese de pronto. Soa
verossímil, contudo, a explicação da prefeitura de que precisa auditar
possíveis erros na metodologia usada para calcular a média.
Redes muito grandes como a paulistana, com quase 1 milhão de alunos,
não mudam muito de um ano a outro. Quando avaliações trazem variações
bruscas num intervalo curto e contra a tendência, a explicação mais
provável é algum equívoco na calibragem do exame.
A prudência manda segurar a divulgação de números que possam estar
errados. Mas a prefeitura seria igualmente ciosa caso as notas tivessem
melhorado demais?
O mais grave é a pouca transparência da Secretaria de Educação. Ela só se manifestou sobre o atraso após indagação da Folha e não parece ter pressa em pôr os dados à disposição dos interessados.
Os alunos fizeram a Prova São Paulo em novembro do ano passado, a um
custo de R$ 6 milhões para os cofres municipais. Desde março, os
resultados individuais, sobre os quais não há suspeita de erro, foram
remetidos às escolas.
Isso significa que os dados brutos coletados estão corretos, o que
torna quase inconcebível que, em sete meses, a prefeitura ainda não
tenha conseguido recalcular as médias. É tempo mais do que suficiente
para a tarefa.
A situação é grave porque a avaliação não é medalha para ser
conferida à administração deste ou daquele alcaide e seus aliados, mas
uma ferramenta de acompanhamento valiosa. Um dos mecanismos importantes é
justamente a comparação de desempenhos individuais com a média da rede.
A condição é que as informações sejam divulgadas em tempo hábil para
que educadores e administradores possam tomar providências. Sistemas de
outros países conseguem disponibilizar resultados de provas semelhantes
em nove semanas. No ritmo de Gilberto Kassab, já são 11 meses.
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