quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Jornalistas e STF constroem versão bizarra de direito alternativo no Brasil


 
Li, com alguma surpresa, uma chamada na página da Zero Hora on-line nesta quarta-feira, referente a um texto da colunista política Rosane Oliveira: “Não é possível que Lula nada tenha a dizer”. A surpresa deveu-se ao fato de que eu acabara de ler as declarações feitas pelo ex-presidente Lula, ontem, em Paris, qualificando como “mentiras” as mais recentes “denúncias” de Marcos Valério. Como assim não tem nada dizer se ele já disse? – pensei, e fui ler o texto. Nele, a afirmação é qualificada: “Não é possível que Lula se limite a dizer que é mentira”, escreve a jornalista no texto que traz como título: “Fala, Lula, que a casa caiu”. Como assim, não é possível que Lula se limite a dizer que é mentira? O que significa mesmo essa frase?
Pode significar, em linhas gerais: que ele tem que dizer que é verdade, ou, então, que ele tem que provar que é mentira. Inteligente que é, a jornalista sabe que, segundo as regras e princípios que regem o Estado Democrático de Direito no Brasil o ônus da prova é de quem acusa. Então, Lula disse o que tinha que dizer. Cabe a Marcos Valério provar o que disse. A menos, é claro, que se aposte no novo tipo de “direito alternativo” que vem se desenvolvendo no Supremo Tribunal Federal e revolucionando o conceito de “prova”. Assim caberia ao acusado provar que é inocente e não ao acusador provar que ele é culpado, com provas, de preferência. Se não for pedir demais, é claro.
É notável também a reprodução de um velho mecanismo na grande imprensa brasileira que, supostamente, reza pela cartilha da diversidade de opinião. Qualquer denúncia dirigida contra Lula encontra ampla e imediata repercussão, com reportagens, textos de opinião, charges, infográficos, interativas, comentários em jornal, rádio, tv e internet. Quando as denúncias são dirigidas, por exemplo, contra José Serra (no caso do livro sobre a privataria tucana), ou contra Gilmar Mendes (como fez, recentemente, a Carta Capital), a repercussão é zero ou, alguns dias depois, minimalista, esquálida. Ou seja, a chamada grande imprensa parece andar de mãos juntas com o Supremo na dura tarefa de criar um novo “direito alternativo” no Brasil, um direito, onde o ônus da prova recai sobre o acusado e onde alguns acusados são mais acusados do que outros.
Marco Aurélio Weissheimer
No RS Urgente

Um comentário:

Unknown disse...

Ontem a globo incriminou Lula por 10 minutos, no final em menos de 3 segundos fala que não há provas. Se caísse um copo no chão você não escutaria isso. Todos os limites extrapolaram. Temos que fazer barulho pelo julgamento do mensalão tucano.
Empresários da mídia brasileira viajaram para a Argentina semana passada para calar a "Ley de Medios".
A corja toda vangloriando-se pelo julgamento no STF, conseguem dizer que a corrupção é de agora... Desde que somos República a corrupção domina o país! A ascensão das classes C, D e E fere a moral dos dominadores.
Os números do Governo Lula SÃO INCONTESTÁVEIS!
Essa semana ainda solto uma compilação de dados que não se vê em lugar nenhum.
Apenas nessa viagem à Europa, o que Lula tem falado ninguém mais no Mundo falaria! Abriu mundialmente o teor da negociação com Ahmadinejad falando nome por nome, e que o Mundo ‘tenta’ há anos.
Criticou toda a economia europeia citando de casos e na frente de todos, ao final sai ovacionado!
A situação está afunilando, não vai demorar para o domínio elitista brasileiro ser desmascarado! Somos quase 200 milhões, não 500 mil sem vergonhas.