sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ao alinhar "fracassos" petistas, Aécio se mira é nos erros do PSDB

Ao denominar de "13 fracassos petistas" o discurso com que saiu, ontem, em campanha ao Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) bem poderia chamá-lo, também, de "13 erros tucanos", já que seu pronunciamento não passa de um amontoado de equívocos em relação à realidade brasileira nestes 10 anos de governos federais petistas. É, ao mesmo tempo, miragem-confissão da maioria das falhas cometidas, de fato, pelos próprios tucanos nos oito anos em que estiveram no poder.
Tão fácil rebater ponto por ponto as colocações do senador que eu chego a ficar em dúvida se ele quis mesmo, com esse discurso, sair em campanha para o pleito do ano que vem. E, principalmente, rebater as comparações que temos feito entre governos tucanos e os nossos. O senador fala de um comprometimento do desenvolvimento, responsabilizando-nos por isso.
Aos fatos. Na era Lula o PIB cresceu em média o dobro da era FHC: 4,06% X 2.29%. Mesmo com o biênio 2011-2012, inicial do governo Dilma Rousseff, o país cresceu mais 3,6%. Mas, aqui, o indicador que interessa é o PIB per capita. Vejam, era R$ 8,4 mil na era tucana, saltou para R$ 19,5 mil na era Lula e com a presidenta Dilma já chega a R$ 21,2 mil.
Paralisia no país? Onde?
O senador insiste em ver uma paralisia no país. Esquece, de propósito como estavam as estradas, os portos, os aeroportos e as ferrovias em 2003 quando assumimos. Esquece que aumentamos em 50% a produção de energia do país e que tocamos o PAC. Apenas um dos nossos programas, como o Minha Casa Minha Vida, que já tem nada menos que 1 milhão de casas construídas e mais 1,3 milhão já contratadas. E esquece o pré-sal, as concessões e o que já reconstruímos em estradas e ferrovias, portos e aeroportos...
E essa história dele, de "tempo perdido, a indústria sucateada..."? A indústria foi sucateada na era FHC, quando era proibido falar em política industrial nacional e o câmbio era fixo: 1 dolar = 1 real. Talvez ele fale de "tempo perdido" porque os tucanos querem apagar essa época e agora esconder que o governo Dilma faz política industrial e defesa comercial, reduzindo os juros, realinhando o câmbio, desonerando impostos e energia e investindo como nunca em educação e inovação.
Hoje os bancos públicos são instituições financeiras de fomento da indústria, da agricultura, da infraestrutura e da inovação e não candidatos, eles próprios, à privatização, ou instrumentos desta privatização - ou da privataria, como foi denominado aquele processo comandado pelos governos tucanos. Hoje os investimentos públicos são o dobro da era FHC e as estatais retomaram os investimentos paralisados nos governos do PSDB.
Uma piada de Aécio
Já essa história do parlamentar-presidenciável mineiro de inflação em alta e que a estabilidade econômica está ameaçada só pode ser uma piada. Eles, sim, deixaram o país quebrado, com uma dívida pública dobrada; inflação em alta; desemprego nas alturas; dólar descontrolado; e um Brasil quase sem reservas externas. Elas eram de US$ 37 bi e hoje são US$ 378 bi - dez vezes maior.
Deixaram o Brasil endividado com o FMI e com uma dívida externa alta. Hoje o pais é credor do Fundo. Já eles foram duas vezes de pires na mão pedir socorro ao FMI e ao governo norte-americano, que salvaram FHC nas vésperas da reeleição em 1998. E ainda têm a coragem de falar em estabilidade!

Uma grande bobagem tucana

A acusação que nos fazem os adversários pela voz do senador Aécio Neves (PSDB-MG), de termos provocado perda da credibilidade do país, é outra grande bobagem tucana. O 1º governo FHC (1995-1998) foi um desastre fiscal e o 2º (1999-2002) fez um superávit médio de 1,5%. Foi o governo Lula que reduziu a proporção dívida pública/PIB e fez superávit de 3% para consertar a irresponsabilidade fiscal tucana.
Tivemos que pagar alto preço nos anos 2003-04 com uma política monetária e fiscal para reduzir a inflação herdada e a dívida pública que dobrou na era tucana, mesmo com um aumento de imposto de 7% do PIB patrocinado por eles. Agora, francamente, a gente lê, mas não dá para acreditar que o senador-presidenciável de Minas teve a coragem de falar em "destruição do patrimônio nacional, a derrocada da Petrobras e desmonte das estatais..."
É muita cara de pau! Eles quiseram privatizar a Petrobras e, com as privatizações, desmontaram o setor elétrico até levar o país a um apagão (2001) e a uma queda do PIB nunca vista. De propósito - só pode ser -, agora escondem que nos governos do PT aumentamos em 50% a produção de energia e que a Petrobras é um sucesso como empresa.
Fingem-se de mortos ao escamotear que o pré-sal (a maior conquista do país em termos de fronteira energética e tecnológica), com o nosso modelo regulatório que destinará para a educação, inovação e meio ambiente os recursos da renda do petróleo (antes apropriado pelas empresas e capital estrangeiro), é uma fonte de recursos para o desenvolvimento do país.
A questão da autossuficiência
O senador Aécio Neves incursionou, também, pela questão da autossuficiência e a implosão do etanol. Esquecido de que o pais é e será autossuficiente em petróleo e que o etanol - abandonado no governo FHC como, aliás, abandonaram, também, a Petrobras - continua sendo uma prioridade nacional. Ele simplesmente evita afirmar que a crise econômica global, esta sim, em 2008-09, levou o setor do agronegócio do açúcar e álcool a uma crise sem precedentes.
O principal candidato presidencial da oposição hoje falou, também, de ausência de planejamento e risco de apagão. Pois bem, tinha que ser honesto e dizer que os problemas na área de energia precisam ser explicados lembrando, também, a tentativa tucana de sabotar a iniciativa do governo Dilma Rousseff, apoiada pela indústria e pela maioria esmagadora do povo, de reduzir os custos das contas de luz.
E essa história do senador de desmantelamento da Federação e que os interesses do país estão subjugados a um projeto de poder? Errado. Outro equívoco. Foi no nosso governo que os Estados receberam investimentos como nunca da União. Nós acabamos com a guerra dos portos e agora com a guerra fiscal. E a reforma tributária, do ICMS, não avança pela oposição dos governos tucanos nos Estados.
Nós estamos solucionando a questão federativa
Como "desmantelamento da Federação" se estamos equacionando a questão do Fundo de Participação dos Estados e Municípios (FPE e FPM) e da divida dos Estados, que os tucanos ignoraram? Aumentamos o teto de endividamento dos Estados, tocamos os PAC I e II, autorizamos investimentos nas áreas de habitação, saneamento, transportes, segurança pública, saúde e educação. E estamos solucionando a questão dos royalties do petróleo.
Somos, nós do PT, um partido municipalista e pró-federação, exatamente o contrário dos tucanos, que impuseram aos Estados um ferrolho de ajuste fiscal e de privatizações. Aécio fala de insegurança pública e flagelo das drogas. Fala de corda em casa de enforcado. O Estado de São Paulo governado pelos tucanos há 20 anos não é nenhum exemplo de segurança pública. Tampouco Minas Gerais.
Ao contrário dos governos FHC, na era petista o governo federal reconheceu que a segurança pública não é uma atribuição apenas dos Estados, como está na Constituição, mas de todos, das três instâncias institucionais de poder - municípios, União e Estados. A ação integrada e solidária no Rio de Janeiro - e que São Paulo e Minas não aceitaram - é um exemplo vivo e bem sucedido da cooperação e integração do governo federal e estadual na questão da segurança pública.

O presidenciável mineiro esquece que eles extinguiram a CPMF

Ao falar da tribuna do Senado, ontem, em saúde e educação o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez autopropaganda enganosa. Os tucanos foram contra a redução da conta de energia, o Bolsa Família, o ProUni, a política de cotas raciais e sociais no ensino superior e contra a expansão das universidades. Esquecem de propósito - eles e o senador Aécio principalmente - o piso nacional dos professores (que seus governos e o DEM contestaram no STF).
Esquecem, também, o Fundo para o Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB); a extraordinária criação do PRONATEC; a construção de quase 250 escolas técnicas; a expansão das matrículas no ensino superior; e a criação de novas universidades - as existentes foram sucateadas e abandonadas na era FHC.
Agora rejeitam e não acreditam nos programas de saúde do governo; nos de construção de creches; de unidades básicas de saúde (UBS); na farmácia popular; no SAMU - Serviço de Atendimento Médico de Urgência; nos programas de defesa da saúde da mulher; na expansão, como nunca, do programa médico da família; e na consolidação dos programas de combate à AIDS e da indústria de genéricos.
Justo eles, que tiraram da saúde os recursos da CPMF (R$ 40 bi no ano em que a extinguiram, 2007) na promoção de uma fraude que só favoreceu a sonegação fiscal e a uma minoria da população, a de alta renda que pagava a contribuição. Tiraram bilhões da saúde a partir daquele ano sem indicar uma nova fonte de recursos.
Aécio governou por leis delegadas, um sistema da ditadura
Pela voz do senador mineiro, os tucanos acusam o governo de mau exemplo, estímulo à intolerância e ao autoritarismo, de tornar o Congresso homologador de medidas provisórias (MPs), de limitarmos a criação de CPIs... Por falar em MPs, Aécio Neves governou Minas oito anos com leis delegadas (como na ditadura), enquanto em nosso governo as MPs foram regulamentadas segundo proposta da oposição.
Já quanto à liberdade de imprensa, disso o senador e ex-governador de Minas entende. Tanto que lá nas Minas Gerais a imprensa toda o apoia com a farta publicidade oficial que a alimenta. Realmente o cinismo do tucano falante não tem limites! Já sobre ódio e intolerância, dos quais ele também falou, somos as vítimas e os tucanos e sua mídia, os carrascos.
Basta ver como tratam o PT e nosso governos. A indignação e os protestos do parlamentar mineiro, jogo de cena, não escondem a realidade de que em Minas e em São Paulo as Assembleias Legislativas são dominadas pelos governadores tucanos e o rolo compressor palaciano garante suas maiorias em legislativos que não fiscalizam e nem têm CPIs.
O momento em que o senador mineiro se superou
E o senador das Minas Gerais conclui sua fala com a acusação de que o governo defende maus feitos e tem complacência com os desvios éticos. Aqui Aécio decididamente se supera. Eu não vi nenhum combate à corrupção nos oito anos em que ele governou Minas, e nem nos oito anos de FHC.
Foi no governo Lula e a partir daí que o Brasil construiu instituições para fiscalização, transparência e controle do poder público. Aliás, na era tucana o procurador-geral da República era chamado de engavetador-geral e a corrupção não era combatida. Era simplesmente negada. Isso sem falar que os tucanos continuam a se opor à reforma política...

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