Entre as maiores polêmicas da semana está a entrevista do pastor
Silas Malafaia à Marília Gabriela. De sua pretensa fortuna divulgada na
revista Forbes, dízimos, participação na política e sua definição do que
é homossexualidade.
Durante os 45 minutos de entrevista, o que se vê é um profeta do
ódio. Ódio a tudo que vai de encontro à sua interpretação da Bíblia.
É bem verdade que também existe preconceito contra evangélicos e
religiosos de forma geral. Mas também é fato que boa parte dos pastores
(padres também) alimenta ódio religioso e todo o tipo de preconceito.
Tudo envolto num discurso que parece ter sido elaborado na Idade Média.
Com o argumento de que "ninguém nasce gay", Malafaia prolifera uma
"guerra santa" contra homossexuais. O mesmo raciocínio de argumento vale
sobre a fé. Ninguém nasce cristão – seja católico ou evangélico –
budista, mulçumano ou portador de qualquer outra crença.
Sobre a baboseira dita por Malafaia sobre nascer gay, o geneticista
Eli Vieira Cambridge, no Reino Unido, desconstruiu cada argumento do
pastor em um vídeo lançado no Youtube - clique aqui.
Malafaia ainda faz um malabarismo argumentativo com a Constituição
para justificar a agressão a homossexuais. Violência verbal, preconceito
não são liberdade de expressão. É crime!
A deturpação da História da humanidade é algo sem comparação. Parece
um "resumão" dos editoriais dos "jornalões" se estes escrevem para todo o
planeta e desde o início dos tempos.
Malafaia ainda tem o disparate de acusar o islamismo de "radicalismo horroroso".
Sobre a participação política de evangélicos, ele usa o ateísmo como
justificativa para ação antilaicidade do Estado. Estado laico não é
Estado ateu. Ateísmo nem é religião. "Se ateus podem atuar na política,
evangélicos também podem", afirmou o pastor.
É verdade, todos podem e devem atuar na política. Mas não podem
querer construir um Estado teocrático. Sob qualquer vertente religiosa.
Essa é a prática da bancada evangélica no Congresso. E a influência da
religião atrapalha e desvirtua debates como a legalização do aborto no
Brasil e a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Para piorar a "guerra santa" contra o que eles chamam de heresia,
estão entrando com força nos meios de comunicação. Burlando inclusive,
concessões já dadas. O Canal 21 da Bandeirantes é o melhor exemplo. 22
horas de seu horário é sublocado à Igreja Mundial que segundo a Folha de
São Paulo comprou a CNT e o próprio Canal 21.
O próprio Malafaia detém um espaço pago em canais de televisão no Brasil.
Não existem programas de TV do Candomblé ou Umbanda; ou islamismo, ou
judaísmo. Se bem que a Globo é judaico-cristã. Não no sentido
filosófico e sim atendendo aos interesses dos judeus de Israel e a
Igreja Católica.
Se a pregação em massa de valores religiosos, quaisquer que sejam
eles, quaisquer que sejam as religiões, através de concessões públicas,
não for uma transgressão ao caráter laico do Estado brasileiro, nada
mais é.
As pessoas têm o direito de ter e cultivar uma religião e isso é
ponto pacifico, mas o Estado é para todos, independentemente da fé. E
isso só se garante com o laicismo do Estado.
O deus que Malafaia prega é um deus do ódio, do preconceito e da
segregação. Esse deus, assim como Malafaia, não devem ser louvados, e
sim postos no limbo.
Por Cadu Amaral
Por Cadu Amaral
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