8 de Dezembro de 2013 | 09:45 Autor: Fernando Brito
A Folha de S. Paulo de hoje está cheia de “novidades”.
Com base em acuradas pesquisas Datafolha, publica manchetes bombásticas.
Jovens tendem ser mais “esquerdistas”.
Ricos tendem a ser direitistas.
Preferência por Dilma aumenta à esquerda.
Entra-se para dentro, sai-se para fora, não é?
A Folha usa conceitos para definir esquerda e direita que, francamente, estão uns 30 anos atrasados…
Aceitar a homossexualidade é de esquerda? Crer em Deus é de direita?
Defender a liberação das drogas faz de FHC um esquerdista?
O importante é que, naquilo que de fato define esquerda e direita, o pensamento em favor do social - isso é ser socialista – é amplamente majoritário.
Veja só:
O texto da matéria, talvez por não ser assinada – é absolutamente claro, límpido:
Quase 70% acham que o governo deveria
ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país, e não
as empresas privadas.
Além disso, 58% entendem que as
instituições governamentais precisam atuar com força na economia para
evitar abusos das empresas.
Um contingente de 57% diz que o
governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais em apuros quando
elas enfrentam risco de falência. E 54% associam leis trabalhistas mais à
defesa dos trabalhadores do que à ideia de empecilho às empresas.
Ou seja, um folgada maioria dos brasileiros pensa em linha
completamente oposta ao que , há décadas, a grande imprensa e os
governos liberais defenderam e fizeram.A pergunta sobre receber/depender de benefícios governamentais é um assombro de má formulação.
“Para 47%, quanto mais benefícios receber do governo, melhor. Para outros 47%, quanto menos a pessoa depender do governo, melhor.”
Ora, é possível querer receber benefícios e não querer depender do Governo, ao mesmo tempo. Desde quando querer ter um plano de saúde significa não esperar que a rede pública de saúde seja boa e esteja disponível? Ou querer pagar menos impostos, para quem pode pagar por todos os serviços que (deveriam ser) públicos é algo digno de registro.
Significativo que, mesmo entre os que podem pagar, 40 % estejam dispostos a arcar, espontaneamente, com mais responsabilidades sociais do que aquelas que beneficiam a eles mesmos.
Você já entendeu porque a Folha tem que noticiar a pesquisa de forma acaciana, não é?
Se não o fizesse, os títulos teriam de ser numa linha, digamos, “desagradável”.
Dois terços dos brasileiros acham que desenvolvimento econômico é obra do Estado
Maioria defende que Estado intervenha na economia.
População não quer redução dos direitos trabalhistas
Defesa da empresa nacional tem apoio da maioria
Tudo o que a Folha combate, todos os dias.
Do Blog TIJOLAÇO.
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