Ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha desafia o presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a provar o crime de peculato
do qual foi condenado na Ação Penal 470; "Não há um real de desvio e eu
pago por um peculato", disse hoje em discurso na tribuna; ontem, o 247
publicou em primeira mão os argumentos apresentados pelo parlamentar na
revista lançada hoje no Congresso que, segundo ele, explica "o que
Barbosa disse e o que existe de fato nos autos"; de acordo com Cunha, o
presidente do STF "trabalha com informações seletivas"; Barbosa apontou
como desvio o que veículos de comunicação, como Globo, Abril e Folha, pagaram às agências de Marcos Valério a título de comissão.
Barbosa analisando as provas |
247
- O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) desafiou o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, a apontar o que foi
desviado por ele, conforme aponta sua condenação pelo crime de peculato
na Ação Penal 470. "Não há um real de desvio e eu pago por um peculato. O
ministro Joaquim Barbosa tem que dizer o que é que eu desviei. Ele não
diz porque não sabe, porque não consegue, porque não existe", afirmou o
deputado em discurso inflamado na tribuna da Câmara na tarde desta
quarta-feira 11.
O ministro relator da AP 470 apontou como desvio o que veículos de
comunicação, como Globo, Abril e Folha, pagaram às agências de Marcos
Valério a título de comissão. Hoje Cunha justificou, sobre o episódio,
não ter sido o responsável por decidir nem por assinar o contrato com
uma nova agência de publicidade com a Câmara na época em que era
presidente da casa. Conforme aponta a revista lançada hoje por ele, e divulgada ontem em primeira mão pelo 247, o contrato foi firmado pelo então deputado Aécio Neves (PSDB-MG).
Cunha também acusou Barbosa de trabalhar com informações seletivas.
Segundo o parlamentar, o presidente do Supremo "dá as costas" às suas
provas e trabalha apenas por sua condenação no STF. "É ou não é um
ministro que trabalha com informações seletivas? Eu mesmo respondo: é",
exclamou. A publicação que ele distribuiu aos deputados, intitulada "A
verdade, nada mais que a verdade", explica "de forma didática", de
acordo com o petista, "o que o ministro Joaquim Barbosa disse e o que
existe de fato nos autos".
Recebendo o apoio dos colegas e principalmente do presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que lhe concedeu "o tempo que fosse
preciso" para sua explanação, o parlamentar alertou aos deputados que
"esse processo ainda vai ter muita coisa para gente discutir".
"Engana-se aquele que pensa que ele vai se encerrar em breve, com a
prisão deste ou daquele, ou quando se passar o julgamento dos embargos
infringentes", complementou.
Como o deputado ainda tem direito a recurso por formação de quadrilha no
caso, tem liberdade garantida até 2014, quando o STF deverá julgar os
chamados embargos infringentes. Mesmo assim, ele lembrou que sua prisão
pode ser decretada a qualquer momento e que, quando isso ocorrer,
cumprirá sua responsabilidade. "Semana que vem pode ser decretada a
minha prisão, ou posso ir para regime fechado. Vou cumprir o tempo, não
tem problema, vou cumprir porque é minha responsabilidade, mas não
cumprirei calado".
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