Marco Damiani 247 – O
deputado José Genoino evitou uma crise política no Brasil. Ao
renunciar, hoje, ao mandato de deputado federal pelo PT de São Paulo,
ele preservou a Câmara de uma decisão a fórceps, arrefeceu ânimos entre
correligionários e adversários e, sobretudo, deu uma lição em seus
acusadores. Preso em regime domiciliar temporário na casa da filha, em
Brasília, Genoino está proibido de se manifestar publicamente, não pode
dar entrevistas e nem escrever artigos. A amigos, porém, expressou o
motivo de seu gesto.
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Entre a humilhação e a ilegalidade, preferi a dignidade é a frase
repetida pelos interlocutores do deputado a quem quer saber sobre o
estado de ânimos dele.
Genoino
evitou que os parlamentares fossem forçados, pela pressão midiática, a
cassar um parlamentar sempre citado em todas as listas de mais
influentes do Congresso. Os colegas dele, mesmo os das novas gerações,
sabem que, ao longo de sua história, o ex-presidente do PT entrou em
todos os grandes debates nacionais, da Constituição às eleições diretas
para presidente, da cassação do mandato do presidente Fernando Collor à
liderança no governo Lula.
No
desfecho dramático de uma carreira de 26 anos no parlamento, tempo no
qual se destacou como um tipo de deputado dos deputados, sempre dos mais
ativos, participativos e assíduos no plenário, na tribuna e nas
comissões, Genoino compreendeu os fatos. Se não renunciasse, sem dúvida
ele levaria a Câmara presidida por seu amigo e colega de todo período
Henrique Alves a ser, literalmente, imprensada entre a mídia tradicional
e seus arautos e a consciência coletiva e individual de cada deputado.
e
pediu seu afastamento da cena após ter demonstrado o caráter
excepcional e persecutório de sua prisão em regime fechado pelo
presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Outra
coisa que, na Câmara, todos sabem, é que Genoino foi também um dos
políticos com menor patrimônio entre todos, dono de uma casa simples num
bairro de classe média em São Paulo, apenas. Os motivos para não
cassá-lo seriam inúmeros contra, do outro lado, o vozerio dos antigos
jornalões e televisões familiares, a pressionar pela degola do homem a
ser abatido mais de uma vez.
Na
renúncia, Genoino faz um gesto pela pacificação. Sai de cena e se
prepara para tentar encontrar alguma paz na prisão a qual foi condenado.
Não abriu uma crise que poderia se arrastar por semanas, com todo o
ritual processual da Câmara, inflar ânimos e dividir o País, caso
esperasse o veredito final na posse de seu mandato popular.
Na
mesma medida do atenuar das tensões, o procurador-geral Rodrigo Janot
solicitou formalmente ao presidente do STF prisão domiciliar por 90 dias
para Genoino, em razão do seu estado de saúde. Barbosa, no entanto, tem
em mãos um laudo médico do Hospital Universitário de Brasília, segundo o
qual a saúde de Genoino não demanda cuidados especiais em prisão
domiciliar.
Será
mesmo que Joaquim Barbosa é capaz de tripudiar de quem deixou a cena
para cumprir sua pena em silêncio e aplicar-lhe um novo castigo?
Do Blog O TERROR DO NORDESTE.
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