segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A ESQUERDA OTÁRIA E A ESPERTALHONA DA DIREITA

Raul Longo
Nada atrapalha mais ao processo de conscientização da ideologia igualitária e libertária de esquerda, do que a própria esquerda. Foi o que se pode testemunhar na visita da Yoani Sánchez ao Brasil.
Quem é Yoani Sánchez? Às vésperas de sua chegada em terras brasileiras, se distribuiu pela internet 40 perguntas a serem feitas à enviada dos interesses do hemisfério norte por Cuba e todo continente latino-americano. Claro que a espertalhona jamais responderá nenhuma, mas nem precisa. Os fatos protagonizados pela Dona Yoani que geraram aquelas perguntas, por si já demonstram de quem se trata e de quanto é execrável sua função e as razões de sua visita.
Execrável, sim. Mas, se não anódina, sem maiores significados.
Sem dúvida a mídia brasileira iria tirar sua casquinha e tentaria transformá-la em heroína do continente, a Miss América do momento. Mas e daí? Se há uma década os brasileiros têm demonstrado não acreditar nos bicho papões da mídia defensora dos que especulam e usurpam os direitos do nosso povo e público, que importância se daria a essa desengonçada garota propaganda?
Nenhuma! E é evidente que não me refiro ao desengonço físico da Yoani, mas preciso explicar aos sensibilizados pelos maus tratos de nossa esquerda otária que a transformou em vítima, que desengonçada é a história da mulher que vivia na Suíça e voltou para Cuba para dizer ao mundo que fora de lá tudo é muito melhor e mais livre.
Ela é acusada de forjar a quantia de acessos e seguidores de seus profusos mecanismos de propaganda anti-castrista, mas sem dúvida a esquerda festiva brasileira conquistou-lhe um considerável acréscimo de navegadores aqui em nosso país e, quiçá, pelo mundo afora, onde quer que se tenha espalhado a notícia do fuzuê armado pelos arroubos dos arrivistas da esquerda que sempre prejudicam a própria esquerda.
Quem iria assistir seu filminho? Meia dúzia de gatos pingados, se tanto. E por mais que a Globo ou a Abril tentasse inflar a empadinha da Yoani, de sua massa podre só se experimentaria o sabor de vento.
E quem foi enfiar azeitona na moça sem recheio? A esquerda oba-oba. Ou, para ser mais claro: a esquerda boba.
Se mais consequentes, no máximo a teriam recepcionado em aeroportos e palanques armados para o cumprimento de sua missão, com faixas e cartazes onde se inscrevesse resumos de algumas daquelas 40 perguntas, todas muito contundentes. De resto, que o GAFE (Globo, Abril, Folha e O Estado de São Paulo) se virasse para repercutir o profundo silêncio da abismal desimportância de Yoani María Sánchez.
Mas a esquerda boba quer festa! Nunca sabem bem porque são esquerdas, mas adoram fazer barulho, gritar rompantes e palavras de ordem lançadas ao léu. E foram lá brigar com o Suplicy que aceitou a provocação e todos deram os minutos tão preciosos ao Jornal Nacional e a pauta tão desejadas às Vejas da vida.
Melhor estratégia de marketing não há. E de graça! Desembarcou como assistente de auxiliar de comissária de bordo e partiu como comandante da PANAM ou American Airlines, loucas para que se reativem os cassinos de Cuba faturando com vendas de passagem de turismo sexual na ilha caribenha.
Claro que estou sendo reducionista e há interesses muito maiores a serem defendidos antes que se tenha de suspender o insustentável e ridículo bloqueio à Ilha. Interesses internacionais que muito agradecem à alegre esquerda brasileira pela promoção mundial à blogueira, pois evidente que os GAFEs lá de fora também pegarão carona nesse voo que já garantiu à Yoani algum público entre moçoilas do interior paulista que acorreram à capital do estado para ouvir a guru inventada pela CIA ou quaisquer daquelas outras organizações que por décadas não conseguem assassinar o Fidel Castro.
E não foram poucas as tentativas. Apontado pelo Guinnes World Records como recordista mundial entre as vítimas de tentativas de assassinato com 638 mal sucedidos atentados, Fidel jamais poderia ter imaginado que justamente a esquerda brasileira seria mais eficiente do que seus algozes.
Restou ao também blogueiro Eduardo Guimarães o esforço de tentar consertar os estragos da festa, como se vê aí em sua mensagem à Yoani. Claro que ela não irá respondê-lo, mas seria excelente se ao menos servisse para ensinar alguma coisa à essa esquerda que de forma tão eficiente contribui com a direita. Aliás, no Brasil elas sempre se compensam: as inconsequências de uma à burrice da outra, e vice-versa, competindo pelo primeiro lugar no quesito obtusidade.
E toca aos Eduardo Guimarães de plantão, recolher os cacos! Ô vida!

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