Alexander Cockburn, Counterpunch / Vermelho
Nem mais nem menos do que a própria secretária de Estado dos EUA rendeu um incômodo tributo a Al Jazeera no dia 2 de março. Diante de um comitê de Prioridades da Política Externa dos EUA, o senador Richard Lugar pediu a Hillary Clinton que apresentasse seus pontos de vista sobre em que medida o país está promovendo sua mensagem em todo o mundo. Clinton disse de imediato que os EUA estão envolvidos em uma “guerra da informação” e estão perdendo. “A Al Jazeera está ganhando”, acrescentou.
“Falemos francamente em termos de realpolitik”, prosseguiu a secretária de Estado. “Estamos em uma imensa competição por influência global e mercados globais. China e Rússia lançaram redes de televisão funcionando em várias línguas, quando os EUA faz cortes nesta área. Estamos pagando por um preço elevado por desmantelar redes de comunicação internacional depois do fim da Guerra Fria. Nossos meios privados não podem preencher essa brecha.”
Como temos assinalado durante a última quinzena, há uma florescente pequena indústria da internet que afirma que a derrubada de Mubarak ocorreu por cortesia do comando Twitter-Facebook dos EUA. O New York Times publicou numerosos artigos sobre o papel do Twitter e do Facebook enquanto ignora ou vilipendia ao mesmo tempo Julian Assange e Wikileaks. Por certo, em qualquer discussão sobre o papel da internet na convocação dos levantes no Oriente Médio, deveria se dar o maior crédito ao Wikileaks. Mas Wikileaks, junto com Twitter e Facebook, tornam-se quase insignificantes em comparação com o papel exercido pela Al Jazeera.
Milhões de árabes não podem tuitar e não estão familiarizados com o Facebook. Mas a maioria vê televisão, o que significa que todos assistem à Al Jazeera, a qual detonou o “artefato explosivo improvisado” que estourou sob a Autoridade Palestina, a saber, o conjunto de documentos conhecidos como Palestine Papers.
Houve imensas ironias na confissão de Clinton diante do senador Lugar e seus colegas. Ao final dos anos 70, os radicais nas Nações Unidas promoveram com entusiasmo a necessidade de uma “Nova Ordem Mundial da Informação” (NWIO, em sua sigla em inglês) para se contrapor ao controle sobre as comunicações mundiais da propaganda por parte dos países ricos, EUA à frente.”
Tradução: Katarina Peixoto
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