A Direção Nacional do PMN não se manifestou sobre o vídeo mostrando a deputada federal Jaqueline Roriz (DF) recebendo R$ 50 mil de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal e pivô do escândalo da Caixa de Pandora. A justificativa do PMN para se calar sobre o assunto seria, curiosamente, por motivo de saúde de seus dirigentes.
Segundo integrantes do partido PMN o partido não vai se manisfetar.
Se o PMN calou-se, o PSOL não. A legenda emitiu nota ontem na qual se posiciona sobre o novo vídeo. E salienta que a legenda vai tomar as providências para a cassação da deputada pela quebra da ética e do decoro parlamentar. "Enquanto o processo formal por sua cassação não se instale, o PSOL estará requerendo à Presidência da Câmara dos Deputados e à Presidência do PMN, o imediato afastamento da parlamentar da Comissão da Reforma Política da Câmara dos Deputados", avisa a nota, assinada pelo presidente da sigla, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do PSOL.
Um fita de vídeo inédita, em análise no Ministério Público, mostra a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), junto com o marido, Manoel Neto, recebendo um maço de dinheiro das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa. Com duração de dois minutos e 50 segundos, o vídeo foi gravado na campanha eleitoral de 2006, na sala de Barbosa, delator do escândalo de corrupção desmantelado pela operação Caixa de Pandora, que derrubou o governador José Roberto Arruda.
O vídeo, o 31º da "coleção da corrupção no DF", mostra o casal recebendo e enfiando um maço de R$ 50 mil numa mochila, reclamando que o valor estava abaixo do combinado e negociando novas contribuições para a campanha de Jaqueline, que se elegeu deputada distrital naquele ano. "Rapaz, não é fácil ser candidato. Resolve isso para mim cara!", apela Neto, ao ser avisado de que a quantia ficaria entre três e cinco remessas e não seis.
Jaqueline e o marido demonstram satisfação quando veem Durval colocar o maço fornido de notas de R$ 100 sobre a mesa. Mas, com arrogância, reclamaram do valor e tratam Barbosa um empregado relapso. "Como só cinco? Eu preciso de mais, por favor! Porque isso aí, para nós é muito complicado de fazer", queixa-se Neto.
"Tem possibilidade de você aumentar para mim?", indaga Jaqueline, explicando as dificuldades da campanha. "Vamos ver", responde Durval.
"Tem cinco pessoas que estão já nos ajudando. Isso enquanto não começa. Não aconteceu nada ainda". Num diálogo entrecortado, ela conta que vários colaboradores, "como o Rogério, da CEB", prometeram ajuda, mas falharam. "Até agora, nada".
Durval Barbosa, que montou e operava o esquema de corrupção desde 2002, no governo Roriz, vinha preservando o antigo chefe e só havia delatado o governo Arruda, que o promovera a secretário para continuar operando a arrecadação de propina para o mensalão do DEM.
Ex-delegado de polícia ligado à comunidade de informações e especialista em grampeamento de conversas, Durval gravava tudo em áudio e vídeo, em sigilo. Alvo de dezenas de processos na Justiça, ele fez o acordo de delação premiada em setembro de 2009, quando passou a ajudar a polícia e o Ministério Público. Como o benefício da delação é proporcional à colaboração, agora Barbosa começou a entregar o lado poupado.
Jaqueline pode ser a primeira parlamentar processada na atual legislatura. O Ministério Público avaliava processar a deputada em duas frentes, uma delas é criminal e estará a cargo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Mas já é certo que procuradores do DF e Territórios vão processá-la por improbidade na frente cível. O vídeo deve ser encaminhado nos próximos dias para perícia no Instituto de Criminalística da Polícia Federal.
Na corrupção
O ex-governador Joaquim Roriz se recusa a comentar o vídeo em que a filha aparece recebendo dinheiro de origem ilícita.
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