O Conversa Afiada reproduz post de Fernando Brito no Tijolaço:
Terrorismo da “meta de inflação” falhou
Como se disse aqui ontem, a catástrofe deu xabu.
O Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Ampliado – a inflação oficial, IPCA – cravou 0,5% em
dezembro, levando o acumulado no ano de 2011 para 6,5%.
Bem no limite do teto que, durante seis meses, a mídia “especializada” disse que ia estourar.
Aliás, eles sabiam que ia ficar dentro da meta, mas torciam por 0,01 ou 0,02% a mais, para “terem razão”.
Ridículo, como análise econômica: 6,5% ou 6,52%, do ponto de vista da economia é o mesmo.
Mas não era do ponto de vista da propaganda, que é o que muitas vezes fazem, em lugar de jornalismo.
Mas até isso deu xabu.
Qualquer um sabia, bastava
olhar os índices, que a inflação estava em queda em relação ao último
trimestre de 2010 e em relação ao primeiro semestre do ano.
Mas invocou-se a inflação explosiva lilhões de vezes para combater a ideia de que os juros deveriam baixar.
Eles sabem que não é o tomate e
o acém no lugar dos juros do Federal Reserve ou da Libor inglesa que se
determina a rentabilidade do capital financeiro.
Mas sabem que o terror midiático gera indecisão, paralisia e tibieza nos governantes.
É assim que funciona o terrorismo, não é?
Saiu na newsleter do Bradesco análise de Octavio de Barros, diretor de Pesquisas Econômicas do banco:
- Mais importante do que não ter violado o teto da meta de inflação de 6,5%, é o fato de o Bacen não se ver obrigado a redigir uma carta justificando as razões disso. Caso viesse a ser necessária a redação da referida carta-justificativa, isso implicaria, quase obrigatoriamente, mais uma peça de comunicação que contemplaria uma mensagem intrinsicamente mais dura em termos de política monetária. Assim, com a inflação respeitando o teto da meta, o Banco Central ganha graus de liberdade para seguir sua política responsável de afrouxamento monetário.
- O mercado hoje reconhece que política monetária do Bacen vem conseguindo virar o jogo das expectativas. Há um consenso de que, a despeito de uma inflação cheia de 2011 de 6,5%, essa foi uma história de sucesso, considerando o complexo ambiente global e doméstico de 2011. O desafio agora é o de garantir a convergência gradual para o centro da meta e, para isso, o Banco Central, muito provavelmente, contará com uma inflação no primeiro trimestre de 2012 cerca de 25 bps abaixo daquilo que foi projetado no último RTI- Relatório Trimestral de Inflação. Portanto, ao longo do primeiro trimestre de 2012, os dados de inflação favorecerão a convergência gradual para o centro da meta e a continuidade do afrouxamento monetário. Em junho de 2012, consideramos que o IPCA atingirá o seu nível mais baixo no acumulado 12 meses. É bem verdade que há fatores que ainda trazem dúvidas sobre a inflação no segundo semestre do ano, considerando que a economia já estará crescendo a taxas mais elevadas. No entanto, consideramos que a inflação cheia de 2012 possa ficar bem menos distante do centro da meta do que ocorreu no ano que passou, mesmo com a Selic em um dígito.
- Parece cada vez mais evidente que o maior desafio do Banco Central seguirá sendo o de lidar com a inflação no setor de serviços (9% em 2011) que tem uma forte resistência à baixa. Isso ocorre pelo fato de o processo de inclusão social estar longe de terminar. Esse processo de convergência da inflação de serviços é desafiador porque é necessariamente lento e complexo tendo em vista a notável mudança de preços relativos que vem ocorrendo nos últimos anos. Esperamos no setor de serviços ainda um elevado crescimento dos preços da ordem de 8% em 2012. Em contraste, a inflação de bens (excluindo alimentos) fechou 2011 abaixo de 3% e o setor de bens duráveis registrou uma deflação de 1,55%, na sequência de uma deflação média de 0,55% de 2005 a 2010. Não vemos motivos para alteração substantiva desse cenário.
- Em resumo, diante das dificuldades, consideramos que o Bacen vem conseguindo vitórias progressivas e sendo cada vez mais respeitado graças à sua fórmula vencedora que reúne determinação e pragmatismo.
Em tempo: chora, Urubóloga, chora ! – PHA
Do Blog CONVERSA AFIADA.
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