"Só falta o Clarín lamentar o fato de a presidenta não ter câncer"
Para
o secretário-geral da presidência argentina, Oscar Parrilli, o Clarín
“ultrapassou todos os limites éticos e morais, ao tentar mudar a
realidade, mentir, tergiversar e difamar”. Ele acusou o jornal de ter
“iniciado uma loucura” após saber que a presidenta tinha um tumor
benigno e não cancerígeno. “Olhem a manchete de ontem, quase dizendo
“que lástima, não era câncer”. Hoje estão vendo se colocam a culpa no
governo, que mente, informa mal...”, criticou.
Após
a exitosa operação que descartou o diagnóstico de câncer de tireoide em
Cristina Fernández de Kirchner, o jornal Clarín vem insistindo em
colocar em dúvida a transparência e veracidade dos informes médicos da
presidenta argentina. “Só falta o Clarín lamentar o fato de a presidenta
não ter câncer”, disse o secretário-geral da Presidência, Oscar
Parrillo, em entrevista de rádio.
Em
sua edição do último domingo, o Clarín fez um extenso informe onde põe
em dúvida o conteúdo dos estudos histopatológicos e o rigor do Centro
Diagnóstico Maipú, lugar desde onde se divulgou o primeiro estudo
realizado pela presidenta Cristina Fernández e que revelou a presença de
células cancerígenas. Os dardos do Clarín também foram dirigidos contra
a Unidade Médica Presidencial. Para o governo argentino esta é mais uma
das jogadas executadas pelo grupo midiático com quem está se
enfrentando há algum tempo.
Cristina
Fernández foi operada no dia 5 de janeiro no Hospital Austral de Buenos
Aires, com o objetivo de extrair a glândula tireoide, que estaria
afetada por um tumor maligno. Após a operação e os exames laboratoriais,
concluiu-se que o tumor não apresentava características cancerígenas.
Para
Parrilli, o Clarín “ultrapassou todos os limites éticos e morais, ao
tentar mudar a realidade, mentir, tergiversar e difamar”. Ele acusou o
jornal de ter “iniciado uma loucura” após saber que a presidenta tinha
um tumor benigno e não cancerígeno, como havia sido anunciado antes da
operação. “Olhem a manchete de ontem, quase dizendo “que lástima, não
era câncer”. Hoje estão vendo se colocam a culpa no governo, que mente,
informa mal...”, respondeu. Se não tivéssemos tornado tudo público,
desde o início, o que teriam dito? – perguntou, referindo-se ao Clarín.
A
Unidade Médica Presidencial também se manifestou e assinalou em um
comunicado que “diante das mal intencionadas publicações do diário
Clarín, de domingo, em suas páginas 3 e 4, colocando em dúvida o
conteúdo dos estudos histopatológicos do Centro de Diagnóstico Maipú,
nos vemos na obrigação de divulgar o diagnóstico feito em 22 de dezembro
de 2011, tal qual foi comunicado cinco dias mais tarde na Casa de
Governo e que resultou na intervenção cirúrgica na chefe de Estado”.
Este
diagnóstico do centro mencionado foi subscrito por dois médicos
especialistas. O informe não questiona o profissionalismo dos
especialistas, já que os resultados estão contemplados dentro dos 2% das
estatísticas sob a denominação de “falso positivo” e que só pode se
verificar uma vez realizada a intervenção cirúrgica e extraído o órgão
afetado, assinala o comunicado. A unidade médica afirmou ainda que
absolutamente tudo que ocorreu foi tornado público. “É um fato médico
que ocorre em 2% dos casos. Ela é o 100% desses 2% e isso tem que nos
alegrar”.
O diretor do Centro de
Diagnóstico Maipú, Jorge Carrascosa, defendeu a trajetória do
estabelecimento após o comunicado da Unidade Médico Presidencial onde
divulgaram o primeiro estudo realizado na presidenta Cristina Kirchner, e
afirmou que nessa instituição é “a primeira vez” que ocorre um
diagnóstico de “falso positivo”. “Nunca tivermos um falso positivo, é a
primeira vez que isso nos ocorre”, disse Carrascosa, acrescentando que a
clínica foi uma das primeiras na Argentina a realizar esse tipo de
estudo.
Para Parrili, o Clarín
agora quer jogar a culpa na medicina argentina. “Não tem cara para
defender abertamente seus interesses nefastos. Todos os informes
divulgados sobre a saúde da presidenta demonstraram que a comunicação
foi correta e que a intenção de macular o trabalho dos médicos que
cuidaram dela veio das mãos do Clarín”.
A
presidenta não tem câncer, mas para o Clarín isso não basta. Doente ou
não, algo estaria sendo ocultado. Isso ficou demonstrado com a
intervenção do jornalista Nelson Castro, funcionário do Clarín, em
programas de rádio e televisão, que apresentou detalhes que teriam sido
revelados por fontes em off de suspeitos “arranjos obscuros” por parte
da Unidade Médica Presidencial. Segundo ele disse em seu programa na
rádio Mitre, “houve uma médica que observou a pela e disse mais ou menos
o seguinte: eu não teria sido tão contundente, não fica tão claro que
se trata de um carcinoma papilar. Eu teria utilizado a palavra
neoplasia. E não teria definido se é benigno ou maligno”. Quem é a
especialista em questão. Ninguém sabe.
Segundo
o jornalista do Grupo Clarín, “isso é o que ocorreu, a realidade dos
fatos que aconteceram. É um papelão para a medicina argentina. Não tem
tanto a ver com o diagnóstico do Centro Maipú, que teria dito
‘compatível’, deixando aberta a possibilidade da dúvida. Tem a ver com a
administração equivocada da Unidade Médica Presidencial do tema
comunicacional, porque se agiu sob o signo do medo”.
“Depois
do que fizeram, não acredito em nada que venha da Unidade Médica
Presidencial. Digo isso com muita dor porque há médicos respeitáveis.
Acredito em quem me deu uma versão muito fidedigna”, concluiu o
jornalista, ferrenho opositor do governo de Cristina Fernández.
Poderá também gostar de:
Nenhum comentário:
Postar um comentário