O próprio ministro Gilmar Mendes confirmou que esteve em Berlim e se encontrou com Demóstenes, mas teria dito a Lula, na mítica conversa de uma só versão (ou nota), que costuma ir Berlim, tal como Lula vai a São Bernardo do Campo...
A Operação Monte Carlo flagrou tal conversa de Cachoeira com Wladmir sobre a liberação de um jatinho para trazer Demóstenes da capital alemã, juntamente com um tal de “Gilmar”, de carona em voo patrocinado por um contraventor...
Não seria coincidência demais?
E fica por isso mesmo? Ninguém se coça para ir mais fundo, pelo menos, em reportagens baseadas nestes fortes indícios?
A Globo News que entrevistou o douto ministro do Supremo em Manaus sequer tocou no assunto, não o questionou sobre nenhuma destas informações. Parecia conversa de amigos, para livrar a barra daquele que está no sufoco.
A âncora do programa, Leilane Neubarth, preferiu alimentar dúvidas, onde o próprio entrevistado, segundo sua postura vacilante, já não sustentava a versão que deu a Veja, dias antes, de uma suposta pressão sofrida um mês atrás...
Outra questão deve ser aplicada a todos aqueles citados no início deste texto: Por que Gilmar Mendes demorou trinta dias para ficar indignado?
Nova indagação: O que teria se passado neste período para que não se pronunciasse de imediato?
Mais uma: por que não convocar uma entrevista coletiva, mesmo com tamanho retardo, para apresentar os graves fatos enunciados?
Afinal uma acusação desta natureza feriria de morte a independência dos poderes e colocaria o STF como presa fácil para movimentações ardilosas. Mereceria um mar de microfones a sua volta, um salão nobre e espaçoso para tantos jornalistas e meios de comunicação que lá coubessem, com transmissão ao vivo, inclusive, na TV aberta.
Mas procurar a Veja, um mês após a suposta chantagem e dois dias depois da publicação e repercussão na mídia da revista do grupo Abril, de Robert Civita, soa a muito pouco esforço feito para esclarecer, mais parece um movimento calculado, que não logrou o êxito vislumbrado no início da trama.
Qual seria o êxito? Esta questão, aqueles citados, lá no começo deste texto, também não parecem dispostos a explorar, pelo menos até este momento.
Não se pode ser categórico em uma questão tão sensível, principalmente vindo de quem e de onde veio esta nova tentativa de desviar o foco da CPMI, porque são personagens (Veja, Demóstenes e “Gilmar”) citados e flagrados em esquemas sinistros de Carlinhos Cachoeira.
Acredito que faltou combinar melhor o script com Nelson Jobim ou, sabe-se lá, tenha faltado algum ponto que o convencesse a embarcar nesta canoa furada.
Fica, por fim, a pergunta (também a dúvida): Pelo menos a imprensa, falo das grandes corporações que predominam no noticiário, Globo, Veja, Folha e Estadão, não vai tentar descobrir e apresentar ao grande público quem seria este tal “Gilmar”, citado nas escutas da Operação Monte Carlo, que estaria acompanhado de Demóstenes Torres e voltaria no jatinho providenciado pelo amigo senador junto a um contraventor???
Nenhuma ilação vai ser explorada na pauta jornalística destes veículos de comunicação???
Nenhuma entrevista vai ser solicitada ao ministro do STF para elucidar tais fatos???
Não vai haver uma postura mais incisiva e perseverante dos repórteres em tais questionamentos???
Os articulistas mais preditos tecerão comentários e análises que apontem supostas razões para o ocorrido???
Ou será que este tipo de expediente só está autorizado para ser utilizado para com a outra parte, um tão somente popularíssimo ex-presidente da república???
São perguntas demais, como de costume, poucas serão respondidas...
p.s. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel encaminhou para o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), representação protocolada pelo PSDB contra Lula por supostamente ter pressionado o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os tucanos acusam Lula de praticar “coação no curso do processo, tráfico de influência ativo e, ainda, promessa de vantagens indevidas”. Desta vez Gurgel não vacilou momento algum e deu curso imediato a um pedido judicial...
p.s. 2 O ex-ministro da Defesa e ex-ministro do STF, Nelson Jobim, foi, misteriosamente, esquecido pelas redações de alguns órgãos da grande imprensa em toda esta polêmica encenada...
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