"Lamento que um ministro do Supremo se tenha posto, supostamente, a dar
declaração sobre conversas, reais ou não, que tenha tido com um ex-
presidente da República"; frase é do ex-ministro do STF Sepúlveda
Pertence, que negou ter sido procurado por Lula para sugestionar
ministra Carmen Lúcia
Fernando Porfírio _247 – O ministro aposentado do
Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, afirmou que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jamais falou com ele sobre
qualquer processo judicial, muito menos sobre o mensalão.
No sábado, a revista Veja publicou uma notícia gravíssima: a de que o
ex-presidente Lula teria se encontrado com o ministro Gilmar Mendes em
abril deste ano, no escritório do advogado Nelson Jobim, e pedido a ele
que postergasse o julgamento do mensalão para não prejudicar o PT nas
eleições municipais.
De acordo com a reportagem, Lula disse a Gilmar Mendes que iria pedir ao
ministro Sepúlveda Pertence para "cuidar" da ministra Cármen Lúcia.
Segundo o ministro aposentado, o ex-presidente da República jamais falou
com ele sobre o chamado processo do "mensalão".
"Ele sabe que eu não me prestaria a fazer pedido à ministra Cármen Lúcia
Antunes Rocha, nem ela aceitaria qualquer conversa minha a propósito.
Por esse respeito mútuo, é que somos tão amigos", disse Pertence ao site
Direito Global.
"Lamento que um ministro do Supremo se tenha posto, supostamente, a dar
declaração sobre conversas, reais ou não, que tenha tido com um
ex-presidente da República no escritório de um político e advogado",
disse Pertence.
De acordo com Veja, Lula teria dito a Gilmar Mendes que é inconveniente
que o mensalão seja julgado antes das eleições e afirmado que teria o
controle político da CPI do Cachoeira. Ou seja, poderia proteger Gilmar
Mendes.
Circulam na CPI informações sobre um encontro entre Gilmar Mendes e o
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em Berlim, em viagem paga por
Carlinhos Cachoeira. Mendes teria reagido: "Vou a Berlim como você vai a
São Bernardo do Campo. Minha filha mora lá. Vá fundo na CPI". À revista
Veja, Mendes confirmou o encontro com Demóstenes na Alemanha, mas disse
que pagou as despesas da viagem de seu bolso.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, o ministro Nelsin Jobim desmentiu a
versão contada por Gilmar Mendes à revista Veja, de que Lula teria
proposto um acordo para adiar a data de julgamento do mensalão no STF,
em troca da blindagem de Mendes na CPI do Cachoeira, no Congresso.
Na entrevista, Jobim garante que presenciou toda a conversa, que ocorreu
em seu apartamento, em Brasília, e que não houve proposta alguma de
Lula sobre o tema. Ele também afirma que não negou o fato à Veja e que
Gilmar Mendes não fez qualquer comentário sobre o teor da conversa de
Lula – totalmente institucional, segundo ele – quando o ex-presidente
deixou o local.
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