Enviado por luisnassif, ter, 29/05/2012 - 15:47 Por Weden
As
duas "teses" da grande imprensa (a partir da matéria da Veja) sobre o
suposto "crime de chantagem" praticado por Lula contra Gilmar Mendes
foram desmentidas, ontem, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal em
entrevista para a Globo.
As declarações ganharam edições distintas.
As teses eram: 1) Lula pediu o adiamento do julgamento do "mensalão"; 2) Em troca, ofereceu blindagem a Gilmar Mendes.
O problema é que, no jornalismo, quando se quer sustentar a propaganda, até a notícia é sacrificada.
Vamos à decupagem do Jornal Nacional:
“Não
houve nenhum pedido específico do presidente em relação ao mensalão.
Manifestou um desejo, eu disse da dificuldade que o tribunal teria. Ele
não pediu a mim diretamente. Disse: ‘O ideal era que isso não fosse
julgado’. Então eu disse: ‘Não, vamos torcer para que haja um
julgamento, e é tudo que o tribunal quer, e essa é a minha posição em
matéria penal, é muito conhecida.”
Ou seja, uma conversa comum.
Lula expressou o desejo de que o julgamento não fosse esse ano. Gilmar
manteve sua opinião de que deveria ser logo.
Cadê a pressão? Cadê o pedido de adiamento?
Já na Globonews, Gilmar diz textualmente que não houve oferta de blindagem. Vamos às transcrições:
(A
repórter pergunta): "Em algum momento (houve) a situação realmente de
oferecer uma blindagem em relação às investigações que ocorrem no caso
Carlinhos Cachoeira?"
(Resposta de Gilmar): "Não. Isso não se coloca dessa forma".
Ao final do texto, a matéria do JN reafirma: "Os ministros do Supremo Tribunal Federal
Dias Toffoli,
Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski confirmaram que tiveram encontros
com o ex-presidente Lula, mas negaram ter sofrido qualquer tipo pressão
por parte dele."
Exatamente o que diz a nota de Lula, que não
negou o encontro, não negou a conversa, mas não confirma nem oferta de
blindagem e nem pedido de adiamento.
Mas...
No dia seguinte, vem o Globo e mancheta:
"Guerra de versões entre Lula e Gilmar desafia CPI e Supremo".
Manteve-se a propaganda. Sacrificou-se a notícia.
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