segunda-feira, 4 de junho de 2012

Gilmar tentou manipular Ayres Britto?

A revista Carta Capital que chegou às bancas neste sábado tem excelente reportagem de Cynara Menezes com o título:

“As 1001 versões – Gilmar Mendes vai, vem, volta, mexe, remexe, rebola, se enrola e tenta envolver colegas do Supremo Tribunal em uma história muito mal explicada.”

Nascido nos confins de Mato Grosso, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, deveria conhecer um velho ditado de pescadores matutos: o peixe sempre morre pela boca. Talvez o sábio ensinamento o tivesse ajudado a evitar os constrangimentos dos últimos dias. Entre o sábado 26, quando a revista Veja chegou às bancas com a candente denúncia de que o magistrado havia sido chantageado pelo ex-presidente Lula, e a quinta 31, data de fechamento desta edição, Mendes enroscou-se no anzol lançado por ele mesmo. A cada entrevista, uma nova versão, novos personagens e um destempero crescente, que, segundo anota Wálter Fanganiello Maierovitch à pág. 28, não lhe deixa alternativa a não ser se declarar impedido no futuro julgamento do chamado mensalão.
Uma informação obtida por CartaCapital complica ainda mais a versão inicial sustentada pelo ministro. Mendes se disse “perplexo” e “indignado” com a suposta chantagem de Lula, que o teria ameaçado com a divulgação de sua viagem a Berlim em companhia do senador Demóstenes Torres, caso ele não aliviasse no julgamento dos réus do mensalão. Mas não agiu como alguém moralmente atingido. E não só pelo fato de ter demorado um mês para externar sua “indignação”, igual tartaruga no inverno. Segundo apurou a revista, o magistrado agiu de forma calculada para obter respaldo institucional à sua versão. De que maneira? Somente na quarta-feira 23, três dias antes de a edição de Veja chegar às bancas com a história, Mendes relatou o ocorrido ao presidente do STF, Carlos Ayres Britto.
Ou seja, o comunicado poderia ter servido apenas para que Veja pudesse confirmar a tempo de publicar no sábado que Mendes informara ao presidente do tribunal sobre o conteúdo da conversa com Lula, o que daria contornos institucionais aos fatos narrados. Funcionou em princípio. Procurado, Ayres Britto deu declarações formais ao semanário da Abril. Até então, o assunto permanecia desconhecido de todos os integrantes da Corte.
Cynara também se pergunta:
– por que "Gilmar Dantas" – expressão agora consagrada pelo repetido emprego do Noblat – preferiu falar a “jornalistas” do detrito sólido de maré baixa a exigir uma nota institucional de repúdio?
(O ansioso blogueiro pergunta: por que não chamou a testemunha, Nelson Johnbim, e denunciou à policia um chantagista?)
– por que Lula haveria de pedir a "Gilmar Dantas" para maneirar o mensalão, se ele não preside (Britto), não relata (Barbosa) e não revisa o processo (Lewandowski)?
– por que Lula haveria de “encantar” o Ministro que mais desafetos tem na própria Corte?
– Ayres Britto está escaldado com "Gilmar Dantas", diz a Cynara: desde o grampo sem áudio, que foi levado a testemunhar;
– por que o "Padim Pade Cerra" – aquele do “Robanel do Pagot” – ligou ao Nelson Johnbim para atender ao “repórter” do detrito sólido de maré baixa?
(O ansioso blogueiro se pergunta: "Cerra" é o novo Cachoeira da Veja?
Haveria um complô entre o Cerra, que chamou "Gilmar Dantas" de “meu Presidente!” antes de um voto decisivo no STF, e "Gilmar Dantas" para desmoralizar Nunca Dantes, vacinar o Gilmar e condenar o José Dirceu?
O ansioso blogueiro se pergunta: o "Padim Pade Cerra", além do aborto no Chile, da bolinha de papel e da união gay pretende, como fez em 2010, usar a carta “José Dirceu” na campanha em que perderá para o Haddad?)
Conclui Cynara, com a pena afiadíssima:
“A rigor, inexplicáveis mesmo, até agora, são as viagens de Mendes (Dantas, segundo o Noblat) ao exterior e a bordo do “aeroDemostenes” a Goiania.”
“Além do mais, se o magistrado, como disse, só com os direitos autorais dos “quase 100 mil exemplares” que vendeu de um livro “poderia dar a volta ao mundo se quisesse” (é a nova versão do “tenho jatinho porque posso”- PHA), por que não bancou a própria viagem de Brasília à vizinha Goiânia?”
Paulo Henrique Amorim
No Conversa Afiada

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