Só a onipotência, a soberba e a completa alienação levadas ao extremo podem explicar o vexame federal que o valente ex-acusador Demóstenes Torres passou no Senado na tarde desta segunda-feira. Como é que o advogado dele, meu amigo Kakay, um dos melhores e mais caros do País, deixou seu cliente protagonizar estas cenas?
Diante de um plenário quase deserto — apenas 5 dos outros 80 senadores acompanharam seu discurso de 26 minutos — o senador Demóstenes pós-Cachoeira parecia outra pessoa, uma figura patética.
Pediu perdão, jurou-se inocente e fez-se de vítima: "Meu organismo não tem mais lágrimas a verter". Ninguém se comoveu com a descrição dos seus "135 dias de calvário sem trégua", após ter sido "jogado aos leões", apenas por ser amigo de um tal de Carlinhos Cachoeira, cujas atividades criminosas garantiu desconhecer.
O que ele ganhou com isso? Será que Demóstenes poderia imaginar que, a esta altura do campeonato, conseguiria convencer algum dos seus pares ou um único telespectador da TV Senado de que as suas ligações com Cachoeira, o contraventor denunciado como chefe do crime organizado em Goiás, foram invenções da Polícia Federal e da mídia?
"A questão não é de desculpas, mas de fatos", resumiu Pedro Taques (PDT-MT), relator do processo na Comissão de Justiça que deve decidir nesta-quarta-feira o envio do pedido de cassação ao plenário.
O pior é que Demóstenes prometeu repetir a cena patética até o próximo dia 11, segunda-feira, data marcada para o julgamento do seu processo de cassação no plenário do Senado, em votação secreta. "Virei à tribuna todos os dias para provar minha inocência. O farei com o plenário repleto ou vazio", anunciou.
É exatamente neste detalhe — votação secreta — que Demóstenes ainda deve depositar suas últimas esperanças de continuar sendo senador contra todas as evidências já apresentadas pelas investigações feitas durante a operação Monte Carlo da Polícia Federal sobre a participação dele no esquema de Cachoeira.
Na Comissão de Ética, onde a votação era aberta, Demóstenes foi derrotado por 15 a 0, na semana passada. Agora, só um espírito corporativo suicida levaria o Senado Federal a se valer do voto secreto, que nem deveria mais existir, para livrar a cara de Demóstenes.
Ao ver as imagens de solidão e abandono daquele que até outro dia se apresentava e era apresentado por jornalistas de Brasília como o maior e o último político honesto da República, sempre de dedo em riste contra os corruptos, constatei que o desprezo dos seus colegas deve ter doído mais em Demóstenes do que a inevitável cassação do seu mandato. Triste fim.
Blog do Ricardo Kotscho.
Diante de um plenário quase deserto — apenas 5 dos outros 80 senadores acompanharam seu discurso de 26 minutos — o senador Demóstenes pós-Cachoeira parecia outra pessoa, uma figura patética.
Pediu perdão, jurou-se inocente e fez-se de vítima: "Meu organismo não tem mais lágrimas a verter". Ninguém se comoveu com a descrição dos seus "135 dias de calvário sem trégua", após ter sido "jogado aos leões", apenas por ser amigo de um tal de Carlinhos Cachoeira, cujas atividades criminosas garantiu desconhecer.
O que ele ganhou com isso? Será que Demóstenes poderia imaginar que, a esta altura do campeonato, conseguiria convencer algum dos seus pares ou um único telespectador da TV Senado de que as suas ligações com Cachoeira, o contraventor denunciado como chefe do crime organizado em Goiás, foram invenções da Polícia Federal e da mídia?
"A questão não é de desculpas, mas de fatos", resumiu Pedro Taques (PDT-MT), relator do processo na Comissão de Justiça que deve decidir nesta-quarta-feira o envio do pedido de cassação ao plenário.
O pior é que Demóstenes prometeu repetir a cena patética até o próximo dia 11, segunda-feira, data marcada para o julgamento do seu processo de cassação no plenário do Senado, em votação secreta. "Virei à tribuna todos os dias para provar minha inocência. O farei com o plenário repleto ou vazio", anunciou.
É exatamente neste detalhe — votação secreta — que Demóstenes ainda deve depositar suas últimas esperanças de continuar sendo senador contra todas as evidências já apresentadas pelas investigações feitas durante a operação Monte Carlo da Polícia Federal sobre a participação dele no esquema de Cachoeira.
Na Comissão de Ética, onde a votação era aberta, Demóstenes foi derrotado por 15 a 0, na semana passada. Agora, só um espírito corporativo suicida levaria o Senado Federal a se valer do voto secreto, que nem deveria mais existir, para livrar a cara de Demóstenes.
Ao ver as imagens de solidão e abandono daquele que até outro dia se apresentava e era apresentado por jornalistas de Brasília como o maior e o último político honesto da República, sempre de dedo em riste contra os corruptos, constatei que o desprezo dos seus colegas deve ter doído mais em Demóstenes do que a inevitável cassação do seu mandato. Triste fim.
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