quinta-feira, 5 de julho de 2012

Veja e Serra, antes do pacto de 2005


Luis Nassif, Luis Nassif Online

“Na série "O caso de Veja" mostro como 2005 foi um ano de mudanças inexplicáveis da revista em relação a Daniel Dantas. De repente, de grande vilão Dantas torna-se uma vítima, defendida com unhas e dentes pela revista.

O mesmo acontece em relação a José Serra.

Em abril de 2004 o sub-procurador geral da República, José Roberto Figueiredo Santoro, interroga Carlos Cachoeira em plena madrugada no próprio prédio da Procuradoria. O encontro é filmado e aperece no Jornal Nacional. Santoro era o procurador que atuou decididamente em favor de Serra no caso Lunnus - que inviablizou a candidatura de Roseana Sarney nas eleições de 2002.

Na edição seguinte, Policarpo Junior e Alexandre Oltramari saem em defesa de Cachoeira, em uma matéria em que denunciam Serra-Santoro por dossiês contra Roseane, Ciro Gomes e Tasso Jereissati.

No quebra-cabeças para entender a piração midiática, essa peça permite as seguintes conclusões:

1. O pacto Serra-Veja foi posterior a 2004, no mesmo período em que se fecha o pacto Veja-Daniel Dantas. Mais uma coincidência sobre as semelhanças dos dois esquemas - além do esquema midiático que atuava tanto em defesa de Dantas quanto de Serra.

2. Não foi Serra quem aproximou Veja de Cachoeira. Mas, provavelmente, a partir desse episódio, ocorre a aproximação Cachoeira-Veja de Serra.

Governo
Mais perguntas e
nenhuma resposta

O escândalo Waldomiro continua
sem solução e já surge outro com
conexões muito complexas


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Policarpo Junior e Alexandre Oltramari

O subprocurador-geral da República, José Roberto Figueiredo Santoro, 50 anos, é um homem de múltiplos interesses. É apaixonado por cinema, música clássica e é fluente em quatro idiomas. O subprocurador é sobrinho do físico Alberto Santoro, um dos descobridores da menor partícula da matéria, o top quark, e do músico Cláudio Santoro, autor de catorze sinfonias e um dos grandes maestros brasileiros. Na semana passada, ele apareceu em uma fita cassete, divulgada pelo Jornal Nacional, tentando convencer o bicheiro Carlos Cachoeira a lhe entregar um vídeo no qual um ex-assessor do ministro José Dirceu, Waldomiro Diniz, é flagrado pedindo propina. Na gravação, feita às 3 horas da madrugada no gabinete de Santoro, ouve-se o subprocurador explicar ao bicheiro que se eles forem vistos juntos tão tarde da noite seu chefe na procuradoria, Cláudio Fonteles, indicado pelo PT para o cargo, poderia desconfiar de seu excesso de zelo. "Daqui a pouco o procurador-geral vai dizer assim: 'P..., você tá perseguindo o governo que me nomeou procurador-geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, que que você tem a ver com isso?' " (veja os principais trechos da gravação).

Na contagem aritmética simples das abóboras políticas do microcosmo de Brasília, a divulgação da fita em que o subprocurador é grampeado foi um alívio para José Dirceu. Na visão do governo, o conteúdo da gravação deixa claro que houve manipulação política da outra fita, a de vídeo, em que Waldomiro pede ao bicheiro Carlos Cachoeira contribuição para campanhas políticas, além de uma propina. O episódio retratado na fita de vídeo ocorreu há dois anos, portanto, antes de Waldomiro se instalar no Palácio do Planalto. Fora do Palácio do Planalto a visão é outra. O surgimento da nova fita não melhora em nada a situação de quem quer que seja. Ela só ajuda a piorar a situação de um número ainda maior de pessoas. Os últimos acontecimentos em Brasília são terríveis para a imagem do Ministério Público, que até então estava fora do escândalo.

A guerra das fitas sugere que não existe propriamente um Ministério Público, mas ministérios privados, cujos membros teriam lealdade a interesses partidários, e não compromisso exclusivo com o interesse público. Nessa linha de raciocínio, por seu zelo em meter-se na apuração de um escândalo que acabaria estourando no colo de José Dirceu, ex-homem forte do Planalto, Santoro estaria querendo apenas "ferrar" o governo, e não apurar um crime. Santoro pertenceria então ao ministério privado dos tucanos, os oposicionistas do PSDB. Outros procuradores, como o famoso Luiz Francisco de Souza, que se notabilizaram pelo excesso de zelo em apurar desvios do governo passado, o dos tucanos, e até agora não mostraram nenhum empenho em levantar escândalos de petistas, formariam no outro time. Esses últimos seriam, então, procuradores do ministério privado do PT. Péssimo negócio para os brasileiros.”
Matéria Completa, ::AQUI::

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