No dia 13 de maio de 1997, o deputado Ronivon Santiago confessou ter
vendido seu voto para a releeição de FHC por R$ 200 mil; oito anos
depois, Roberto Jefferson afirmou que parlamentares vendiam votos ao PT
por R$ 30 mil/mês, algo que jamais foi provado, e o resultado é o que se
viu ontem no STF; todos são iguais perante a lei?
Brasil 247
– Maio de 1997. Fernando Henrique Cardoso, no terceiro ano do seu
primeiro mandato, aprova a emenda da reeleição, esticando o poder
presidencial no Brasil de quatro para oito anos – o antecedente
histórico, no Congresso, havia sido a compra dos cinco anos para José
Sarney, onde congressistas foram presenteados com farta distribuição de
concessões de rádio.
Na Folha de S. Paulo, um parlamentar, o deputado Ronivon Santiago
(PFL-AC) confessa ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da
reeleição – uma reforma constitucional articulada por Sergio Motta, que
era o braço direito e operador principal de FHC. Autor da reportagem,
Fernando Rodrigues vence o Prêmio Esso de Jornalismo.
Maio de 2005. Acossado por uma série de denúncias, Roberto Jefferson
concede uma entrevista à jornalista Renata Lo Prete e diz que deputados
vendiam seus votos ao PT em troca de uma mesada de R$ 30 mil/mês, o
“mensalão”. Anos depois, o delator admite que a palava mensalão era
apenas uma figura retórica e jamais foram encontrados saques ou
depósitos nos valores denunciados por Jefferson. Os recursos sacados
eram correspondentes aos valores dos acordos eleitorais feitos pelo PT e
dirigentes de vários partidos – entre os quais, o próprio PTB, de
Roberto Jefferson – para pagar campanhas passadas e organizar campanhas
futuras.
A única semelhança entre os dois casos é que, assim como Fernando
Rodrigues, Renata Lo Prete também venceu o Prêmio Esso de Jornalismo. Em
1997, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era apelidado
de “engavetador-geral da República” e ele, naturalmente, não encontrou
indícios para abrir uma investigação. Em entrevistas, FHC chegou a dizer
que, se alguém tentou comprar votos, não foi ele – a emenda da
reeleição poderia vir a beneficiar também prefeitos e governadores.
Hoje, FHC é quem organiza o discurso da oposição. Numa palestra no Itaú
Unibanco, disse que a condenação dos réus da Ação Penal 470 é a prova de
que as instituições estão funcionando no Brasil. Talvez tenha sido a
confissão de que, nos seus oito anos de governo, em que Brindeiro foi
reconduzido três vezes para a Procuradoria-Geral da República, elas não
tenham funcionado a contento.
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