“Em plena temporada do mensalão,
ex-presidente botou a cara em julgamento; destituiu candidatos, nomeou quem
quis no PT e foi o maquinista do trem eleitoral do partido; ida de Fernando
Haddad para o segundo turno em
São Paulo, renovação apontada por Marcio Pochman em Campinas
e massacre patrocinado por Luiz Marinho em São Bernardo mostram
que ele só cresceu no maior Estado do País; derrotas em Belo Horizonte e
Recife têm contrapeso nos bons desempenhos de seus candidatos em Curitiba e
Manaus; PT tornou-se campeão nacional de votos, com 17,25 milhões contra 16,65
milhões do PMDB; Lula é ferro!
Brasil 247
“Os comentaristas conservadores podem
torcer o nariz. Mais uma vez. Porém, com seu estilo intervencionista,
atropelador e, sobretudo, corajoso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
mostrou de novo a força de sua popularidade. Registre-se, de saída, que ele
sofreu derrotas pessoais em Recife, onde impôs Humberto Costa no lugar do
prefeito que tinha chances de vitória João da Costa, e também em Belo Horizonte,
capital mineira em que seu escolhido Patrus Ananias ciscou chegar, mas ficou na
poeira da vitória em primeiro turno de Marcio Lacerda. Nos dois casos, Lula
bateu de frente com dois dos mais fortes caciques regionais do País, o
governador Eduardo Campos, em Pernambuco, e o senador Aécio Neves, em Minas. Deu torcida
sobre o primeiro, mas passou longe de ameaçar o segundo. Mas alguém ousaria, ao
menos, tentar?
Porém, o que dizer da alavancagem que Lula
proporcionou ao ex-ministro Fernando Haddad, em São Paulo, outra de suas
criticadas escolhas? Com praticamente zero por cento em dezembro, cravou 29%
dos votos no domingo 7, ficando a um ponto do bicho-papão José Serra e olhando
pelo retrivisor o azarão Celso Russomano. Carregado pela mão por Lula, Haddad,
se caísse, arrastaria Lula para um bueiro de críticas. Ao passar para o segundo
turno em condição de favoritismo, com 45% das intenções segundo o Instituto
Datafolha, contra 39% de Serra, Haddad só não puxa o prestígio de Lula ainda
mais para cima nas páginas da mídia tradicional. Na realidade, o ex-presidente
consumou um prodígio de transferência de votos na maior e mais complexa cidade
do País. Haddad é sua maior vitória, acima de todas as outras.
Em Campinas, com o ex-presidente do Ipea
Márcio Pochmann, que as pesquisas davam por derrotado, Lula prosseguiu
positivamente, agora na segundo maior cidade do Estado de São Paulo, em seu
movimento de renovação do PT, carregando-o para talvez o mais improvável dos
segundos turnos. Seu amigo pessoal Luiz Marinho, por outro lado, ganhou
estourando em seu berço político, São Bernardo do Campo. Na vizinha Santo
André, por pouco a fatura não foi liquidada logo na primeira volta, com Carlos
Grana, do PT lulista, fechando com 42% dos votos.”
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