Todas as supostas vantagens da
energia eólica e da energia solar já foram apresentadas à exaustão.
Agora é hora de lembrar os problemas delas
Nos últimos 10 anos, países do mundo todo investiram pesado em programas
de energia renovável. Afinal, sol e vento são grátis, não é mesmo? O
que ambientalistas nem sempre veem é que convertê-los em energia tem um
custo alto - em dinheiro e recursos naturais.
Pegue como exemplo a energia eólica. Uma turbina precisa de 50 toneladas
de estanho para produzir 1 megawatt de energia. Já com gás natural, uma
turbina produz essa mesma energia com apenas 0,3 tonelada de estanho. O
vento pode sair de graça, mas precisamos de minérios para erguer a
infraestrutura que permitirá gerar energia.
Os minérios não são o único recurso natural exigido pelas energias
renováveis. Também temos de encontrar muita terra disponível. Os números
mostram por quê: em cada metro quadrado de terreno, é possível gerar 1
watt com energia eólica, 20 vezes menos do que qualquer usina de gás
natural. A energia solar precisa de áreas menores. É possível produzi-la
no seu próprio telhado, como eu faço: gero 3,2 quilowatts com painéis
solares sobre minha casa, o que dá cerca de 30% da eletricidade que eu,
minha esposa e nossos 3 filhos consumimos. O custo de instalação dos
painéis tem baixado cada vez mais, e hoje está em US$ 5 mil por
quilowatt. Mas é um custo similar ao da energia nuclear - que tem a
vantagem de funcionar também à noite.
A prática mostra quão dispendiosas podem ser as energias renováveis. O
estado americano da Califórnia pretende obter um terço da sua energia
(cerca de 17 mil megawatts) de fontes limpas em 2020. Se essa meta for
dividida meio a meio entre sol e vento, será necessário ocupar uma área 5
vezes maior do que Manhattan para os painéis solares e outra 70 vezes
maior do que a ilha para as turbinas eólicas.
Não que devamos parar de investir em energias renováveis. Mas precisamos
ser claros quanto ao retorno que podemos ter com elas. O Brasil é um
exemplo: tido como representante da importância do etanol, produz quase
28 bilhões de litros de álcool por ano. É pouco perto do que o país
precisa. Petróleo e gás natural geram 9 vezes mais energia, segundo
números da Petrobras. Sem contar o dinheiro que é preciso investir para
alavancar as energias renováveis. Alguns países já perceberam que talvez
seja um investimento alto demais. Nos EUA, o Senado cortou US$ 6
bilhões de subsídios para o etanol de milho. A Espanha reduziu o apoio
financeiro à energia solar e eólica.
A solução correta para a questão energética depende das características de cada país.
A energia solar pode ser uma boa alternativa para a Arábia Saudita. A
hidrelétrica para o Brasil e para a África Central. Se queremos reduzir
as emissões de carbono, devemos olhar para dados e fatos. E não excluir
opções como a energia nuclear, que segue como uma das nossas melhores
opções, apesar do acidente de Fukushima, no Japão, no início deste ano.
Robert Bryce é pesquisador
associado do Centro de Polícia Energética e Ambiental do Manhattan
Institute e autor do livro “Power Hungry: The Myths of "Green" Energy
and the Real Fuels of the Future”.
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