O Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso conheceu ontem um pouco
mais e melhor a presidente DILMA ROUSSEFF. Viu que a mesma mulher que é
capaz de um gesto de conciliação e grandeza ao lhe convidar para
participar da comitiva que vai até a África do Sul prestar homenagem
Póstuma a Nelson Mandela, é também capaz de, olho no olho, ao vivo e a
cores, fazer severa crítica e rebater com firmeza as acusações covardes e
dissimuladas que ele, FHC, faz, utilizando sempre a MÍDIA partidarizada
que lhe abre generoso espaço, a muitos outros negado.
Antes de voar para a África, Dilma enquadrou FHC durante discurso na Fundação de Bill Clinton
10/12/2013 - 03h30
Antes de viajar com antecessores, Dilma faz críticas a ex-presidentes
BERNARDO MELLO FRANCO
MARIANA SALLOWICZ
DO RIO
Em discurso lido diante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a
presidente Dilma Rousseff, que disputará a reeleição no ano que vem,
fez ontem duras críticas ao governo do tucano.
Ela exaltou as gestões petistas a partir da primeira eleição de Lula,
em 2002, e comparou indicadores econômicos atuais com os de "uma década
atrás", referindo-se ao fim do mandato de FHC.
Dilma fez as críticas em seminário promovido pela fundação do
ex-presidente americano Bill Clinton, em um hotel da zona sul do Rio.
FHC estava sentado na primeira fila da plateia, a menos de três metros
do púlpito.
"Por muitos e muitos anos, o Brasil foi pensado como um país pequeno,
voltado apenas para os países desenvolvidos e dedicado apenas a uma
parcela privilegiada de sua população", disse Dilma.
Sem nominar o ex-presidente, ela comparou números de hoje com os de
2002, último ano do tucano no poder. Afirmou que a inflação caiu de
12,5% para 5,8% e que a dívida líquida recuou de 60,4% para 35% do PIB.
"De país devedor, nós passamos à condição de país credor", disse a
presidente, repetindo uma expressão muito usada por Lula na campanha de
2010.
FHC, convidado por Clinton, deixou o evento sem dar entrevistas. Ele
já declarou preferência pelo tucano Aécio Neves para a eleição
presidencial de 2014.
Em outro trecho do discurso, a presidente Dilma disse recusar a ideia
de que o Brasil exerce papel de liderança na América do Sul.
"A razão é muito simples: no projeto de integração que desenvolvemos
não há espaço para relações hegemônicas. A verdadeira integração
dispensa liderança, pois exige solidariedade."
Ela afirmou que os países do continente foram vítimas de ditaduras e,
em seguida, de governos "conservadores" que os "infelicitaram".
"Frearam nosso crescimento, aumentaram a desigualdade social e provocaram desequilíbrios macroeconômicos", afirmou.
Quem vai à missa de Mandela
COMITIVA
Depois do discurso, a presidente Dilma viajou para os funerais de
Nelson Mandela, na África do Sul, em comitiva com quatro ex-presidentes
brasileiros: Lula, Fernando Henrique, Fernando Collor e José Sarney.
"É uma demonstração de que as eventuais divergências no dia a dia não
contaminam as posições do Estado Brasileiro", afirmou a presidente.
Em tom ecumênico, Clinton procurou fazer elogios a programas sociais dos governos Lula e FHC em seu discurso aos brasileiros.
"O México e o Brasil tiveram um significativo sucesso no combate à
desigualdade. No Brasil, o Bolsa Família, fundamentado no Bolsa Escola,
foi muito importante", afirmou o ex-presidente americano.
Ele também elogiou a resposta do governo Dilma às manifestações de
junho. Disse que o Planalto optou pelo diálogo, enquanto na Síria o
governo reagiu aos protestos "atirando nas pessoas".
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