quarta-feira, 22 de junho de 2011

Agência eleva nota do Brasil e elogia Dilma



Correio Braziliense - 21/06/2011

A Moody’s aumentou ontem a nota de risco da dívida brasileira. Na prática, além de considerar a economia do país segura para investimentos, a agência de classificação sinaliza apoio às medidas tomadas pelo governo para conter o crédito e reduzir os gastos públicos.

Segundo a agência Moody%u2019s, ajustes na política econômica garantirão a melhora fiscal a médio e longo prazos


A agência de classificação de risco Moody"s elevou ontem a nota da dívida soberana do Brasil, ao considerar que os últimos ajustes da política econômica garantem a "melhoria nos indicadores fiscais de médio prazo" e permitirão o "desenvolvimento mais sustentado". A alteração do nível Baa3 para Baa2 foi a primeira concedida pela instituição desde que o país atingiu "grau de investimento" (dado por outras avaliadoras), em setembro de 2009. Agora, além de considerar a maior economia latino-americana um porto seguro para os investidores, a Moody"s sinaliza que apoia as medidas da gestão da presidente Dilma Rousseff para conter o crédito e reduzir os próprios gastos com o objetivo de frear a atividade e a alta dos preços.


Na avaliação da agência, a reação do Executivo já se refletiu sobre a inflação e permitiu alcançar, nos primeiros quatro meses, metade do superavit fiscal (economia para o pagamento dos juros da dívida) previsto para este ano. "Embora ainda seja prematuro determinar se as medidas são suficientes, ao menos mostram um suposto compromisso forte para resolver o problema", sublinhou o comunicado da Moody"s. Outro aspecto tido como positivo foi a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), que está abaixo de 50%. Com isso, a classificação brasileira ganhou ainda "perspectiva positiva", sinalizando que poderá haver nova elevação, para Baa1, dentro de 12 ou 18 meses.


Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, festejou a avaliação da Moody"s. "Melhorou a percepção do Brasil, que está sendo considerado país de elevada robustez na economia", disse ele, informando que a presidente Dilma ficou satisfeita com a notícia. Mantega ressaltou que a atividade cresce a um ritmo de 4,5% e que a inflação deverá ficar dentro dos limites da meta, entre 6,15% e 6,20%. Ele observou que outros países, sobretudo os desenvolvidos, fizeram o caminho inverso ao do Brasil, buscando acelerar as economias. "Estamos numa velocidade de cruzeiro e os indicadores mostram acomodação da inflação (mensal), perto de zero", comentou.


Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a decisão da Moody"s é mais um reconhecimento da consistência da política econômica e da melhora de seus fundamentos, conseguida com "metas de inflação, câmbio flutuante, acúmulo de reservas internacionais, responsabilidade fiscal e solidez do sistema financeiro". Ele também vê a capacidade de crescer com preços sob controle como resposta à complexidade do cenário externo e à chance de "contínua queda no custo de financiamento do investimento que o país continuará a exigir nos próximos anos".


Roberto Gonzalez, professor da Trevisan Escola de Negócios, lembrou que a elevação da nota brasileira ocorreu num cenário internacional turbulento. "O Brasil ainda tem fragilidades, mas vinha sofrendo de um ceticismo leviano no exterior", afirmou.


Segundo ele, exemplo disso é a desconfiança sobre o cumprimento do calendário de obras para Olimpíadas e Copa do Mundo. "No mesmo prazo, a África do Sul estava mais atrasada para a última Copa e ninguém falou em mudar a sede", lembrou. Gonzalez acha que o governo acerta ao calibrar o crescimento do PIB, afastando o risco de bolhas. "O alívio dado pelas agências sobre os juros é anulado pelas pressões do consumo", finalizou.


Bônus


A Moody"s também elevou as notas de depósitos e bônus em moeda estrangeira dos bancos brasileiros. Entre eles estão o Banco Alfa de Investimento, Bradesco, Citibank, Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Safra, Santander, Banco Votorantim, Caixa Econômica Federal, HSBC Bank Brasil, ING – São Paulo, Itaú Unibanco e Banco Itaú BBA.

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