segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Além dos limites

A revista Veja, com essa sua última capa, sobre o ex-ministro José Dirceu, entrou no rol das publicações do tipo "house organ", esses jornaizinhos de empresas cujas notícias são lidas apenas por seus funcionários. No caso da Veja, hoje, apenas os seus leitores, aquela porção da sociedade brasileira que odeia o PT, dão algum crédito ao que sai em suas páginas.
Nos últimos tempos Veja ainda conseguia que alguns outros veículos amplificassem as suas "denúncias", com a sua repercussão nos dias seguintes, mantendo o "escândalo" da semana em evidência por algum tempo.
Mas agora, com a revelação de que seus repórteres usam métodos criminosos para encaixar a pauta da direção em suas "investigações", vai ser bem mais difícil que algum dos parceiros na mídia tenham coragem de reproduzir o material "jornalístico".
A única coisa boa que Veja tem feito ao Brasil é mostrar a necessidade de que algum tipo de controle seja exercido sobre a imprensa, já que a Justiça, com a sua morosidade, não ajuda em nada a fixação da democracia no país.
Se isso não for feito com urgência, os casos de assassinato de reputação, de gangsterismo explícito, de ações criminosas inspiradas no jeito Murdoch de fazer jornalismo, vão se suceder, o que não é nada bom para ninguém, com a exceção daqueles interessados em ver o Brasil retroceder ao tempo sombrio do neoliberalismo escancarado.
Como providência imediata, espera-se que não só o ex-ministro José Dirceu, mas todos os outros envolvidos nesse sórdido caso, como o hotel Nahoum e o PT, tomem providências legais, exijam que a polícia vá a fundo na apuração sobre quem foram os responsáveis por essa desastrada operação de espionagem e invasão de privacidade.
Num caso como esse, não basta a indignação. É preciso que haja a punição, exemplar.

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