quinta-feira, 24 de outubro de 2013

FHC e os péssimos serviços das teles

Recentemente, O Globo publicou reportagem comparando os governos FHC e Lula e concluiu que as “duas heranças” tiveram aspectos positivos. Quanta bondade e imparcialidade! No caso do petista, o jornal elogiou a queda do desemprego e do trabalho infantil. Já sobre o reinado tucano, ele destacou a sempre badalada estabilidade da moeda e – acredite – a melhora dos serviços públicos, fruto da privatização de vários setores da economia. Nesta segunda-feira (21), porém, o próprio diário da famiglia Marinho foi forçado a desmentir a sua “generosa” tese.
Reportagem dos jornalistas Francis Bogossian e Marcio Patusco confirma que os serviços de telefonia são caros e de péssima qualidade. “O Brasil está estagnado na implementação de recursos de comunicações e informática. Isso é o que mostra recente estudo da UIT (União Internacional de Telecomunicações), órgão da ONU”. O país ocupa 62ª posição entre as 161 nações analisados pelo órgão no oferecimento de capacitações de tecnologias da informação e comunicações, atrás do Uruguai, Argentina e Chile e outros em nossa região.
“Numa cesta de tarifas que inclui telefonia fixa, celular e banda larga, ficamos num incômodo 93º lugar. Segundo a UIT, existem 92 países com preços mais vantajosos do que os do Brasil. Também aqui não houve progresso, já que no ano passado estávamos em 92º”. A reportagem até insinua que a culpa por este atraso é do atual governo, mas evita criticar o criminoso processo de privatização do setor imposto pelo reinado principado de FHC – que inibe ações mais incisivas diante dos abusos e descalabros do chamado “livre mercado”.
Um trecho da matéria, porém, serve de alerta para a presidenta Dilma Rousseff e de puxão de orelha para o ministro Paulo Bernardo. “O mais ambicioso plano que o governo elaborou para o atendimento de banda larga, o PNBL, vem naufragando nos próprios números. Concebido para dar novos acessos a cerca de 28 milhões de novos usuários de 2010 a 2014, ele contabiliza pouco mais de 2 milhões de acessos, não havendo mais possibilidade de sequer chegar perto da meta estabelecida. A Telebrás, colocada como principal fornecedora desses acessos, luta por investimentos e não vem conseguindo realizar a infraestrutura necessária. Sem contar que todo este esforço se concentra em grande parte no atendimento de acessos com velocidade de 1Mbps (1 Mega bit por segundo), que muitos países já abandonaram como meta”.
O hilário é que o jornal destaca a pressão por melhorias no setor dos empresários, os mesmos que defenderam a privatização das comunicações. “A Firjan cobra um plano de atendimento às empresas médias e grandes, que inexiste no Brasil, bem como uma perspectiva para depois de 2014, quando o PNBL se encerra. Em contraposição cita planos de Argentina (80% das empresas atendidas com 50 Mbps até 2016), Índia (universalização dos acessos a 10 Mbps para as empresas nas grandes cidades em 2014), Alemanha (75% das empresas com acesso a 50 Mbps em 2014), Japão (universalização do acesso para empresas a 1Gbitp em 2015), entre outros”.
Ao final da matéria, O Globo prega a redução de tributos para as poderosas operadoras de telefonia e ainda aconselha em tom editorializado: “É chegada a hora de se pensar mais seriamente na mudança do arcabouço regulatório das comunicações nacionais, e não insistir em remendos numa colcha de retalhos que é a atual regulamentação do setor, deixando para trás o período das estagnações”. Não há qualquer crítica às privatizações de FHC (também já batizada de privataria) e nem autocrítica sobre as comparações fajutas do jornalão.

Um comentário:

ZP disse...

O que levou à estatização das telecomunicações no Brasil, lá nos anos 60, foi exatamente a estagnação. O primeiro a ver, não poderia ser outro, foi o Brizola. Governador do Rio Grande do Sul, estatizou a CRT e a CEEE, telefonia e eletricidade, na época. Foi um "furdunço" só. O JFK, em pessoa, chamou o Jango às falas sobre as "ações" do cunhado...
Foi a gota d´água, em 64 vimos as consequências...
Só que a estagnação era tão grande que a ideia do Brizola colou! Os governos militares estatizaram tudo mais. Inclusive a poderosa, na época, CTB...
A história se repete, sempre como farsa...