sábado, 27 de fevereiro de 2010

O discurso moralista em 2010.


Em uma única semana, dois factóides viraram pó em menos de 24 horas. O factóide da Eletronet naufragou na Folha de São Paulo e o do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, naufragou na revista IstoÉ.

Há, por aí, os que tentam dar sobrevida a pacientes condenados. Fracassarão em dias ou semanas, no máximo, aumentando a descrença da população nas campanhas difamatórias dos políticos da direita e de seus meios de difusão.

Aliás, vale lembrar que a parcela da população brasileira não contaminada pelo restrito fla-flu tucano-petista, parcela que abarca quase toda essa população, só tem elementos para acreditar nas acusações ao DEM, ex-PFL, por razões óbvias, as quais, para os que têm suas interpretações de texto dificultadas pela ideologia, explico que é o único grupo político contra o qual os fatos são claros e inegáveis devido às prisões de alguns dos seus maiores expoentes.

Claro que há uma parcela da sociedade que está sendo enganada pelas tentativas de ludibriar encetadas por Globos, Folhas, Vejas, Estadões e suas ramificações no resto da mídia. Chegaram ao cúmulo de criticar Lula pelas trapalhada$ de seus adversários. Mas isso vai durar pouco, sobretudo se esse grupo político-midiático insistir no discurso moralista em 2010.

Eles estão se esquecendo de que podem dizer o que quiserem, agora, mas que, a partir de 17 de agosto, os dois lados terão voz na tevê e no rádio, meios que, no fim das contas, são o que importa hoje em termos de mídia quando se tem que falar ao país todo.

Então descobrirão quem é José Roberto Arruda, Yeda Crusius, Eduardo Azeredo, Cássio Cunha Lima etc. Tudo isso concomitantemente com a lembrança de que eles são crias da aliança tucano-pefelê que data, “apenas”, de 1994.

Também será possível divulgar, por exemplo, que Arruda ia ser candidato a vice-presidente na chapa do governador José Serra à Presidência da República, sobretudo se a oposição midiática insistir no discurso do moralismo.

Ainda assim, penso que a boa e velha Síndrome do Escorpião de que padece essa “subintelectual” direita brasileira impedirá que ela se controle e tente passar uma outra conversa mole no eleitorado.

Vejam que acabo de voltar de meu barbeiro reacionário. Veio com aquela história das “bombinhas da Dilminha terrorista” serem “um perigo”, e desandou a deitar falação sobre a “corrupção do PT”. Desmontei-lhe a conversa com duas perguntinhas curtas e secas. Mudou de assunto.

Não adianta explicar à direita tucano-pefelê, eu sei, mas, ainda assim, eu tento. Sabem por que? Porque tenho interesse em que o Serra tente me convencer a votar nele expondo o que pretende fazer com o país, se for eleito. Talvez, se entender que soltar seus mastins midiáticos não dará em nada, opte por ser honesto na campanha.

Ser honesto na campanha, tanto de um lado quanto do outro, será o candidato dizer que políticas públicas serão implementadas caso vença.

Como posso ter certeza do que farão com esse tesouro imenso que é o pré-sal? Será que não venderão – ou alienarão – tudo de novo aos estrangeiros?

Como posso confiar em um candidato que me diz que não, que não é bem assim, que não tem tanta riqueza lá, que ainda vai demorar umas três gerações para encontrarem algo que valha a pena e que, até lá, estaremos todos voando em aerocarros para ir ao trabalho?

Está na cara que querem vender tudo para encherem os bolsos exatamente como fizeram antes, quando fizeram privatizações no valor de mais cem bilhões de reais e sumiram com a grana.

Como posso ter certeza de que o Estado estará atento e disposto a intervir para proteger a sociedade de cataclismos econômicos no caso uma nova crise internacional em vez de fazer como tucanos, pefelês e seus jornais e tevês pregavam que fosse feito no ano passado?

Como posso ter certeza de que um Serra não faria como Kassab fez em São Paulo e não desmontaria os programas sociais tornando-os cosméticos, fazendo voltar a ferver o caldeirão social que Lula esfriou?

Serra não está disposto a dizer nada disso porque é o candidato dos que defendem que quem se eleger presidente no ano que vem faça tudo o que acabo de escrever que não quero que seja feito. Se for desta maneira, “Nem a pau, Juvenal”.

Serra, para ganhar meu voto, teria que me provar que estou errado, que ele não faria nada disso. E, de quebra, ainda teria que me apresentar uma proposta do que fará, que teria que ser melhor e mais ousada do que a de Dilma Rousseff, quem, para mim, encarna a continuidade do projeto que conheço e aprovo.

Como o candidato tucano não terá meios de realizar tal proeza e como acho que a maioria esmagadora do eleitorado pensa como eu, tenho muita crença em que ele acabará mandando sua mídia persistir no discurso moralista.

“The book is on the table”, Serra...

PS: aposto quanto vocês quiserem que Serra será candidato a presidente.



Escrito por Eduardo Guimarães às 15h11
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

Um comentário:

jader resende disse...

Obrigado Saraiva, é uma honra suas palavras sobre meu blog e também estar entre seus favoritos.
Seu trabalho é muito importante e nos dá forças.
Obrigado pela atenção e me introduzir nesta importante corrente da qual faz parte.
Abraços
Jader Resende