terça-feira, 27 de abril de 2010

Banho de teflon

27/04/2010
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Não deve ser exagero dizer que Dilma Rousseff, que debuta eleitoralmente neste ano, já sofreu uma campanha de destruição moral por parte da imprensa maior do que qualquer uma das que sofreu seu mentor, o presidente Lula, em seus mais de trinta anos de vida política.

Puxei pela memória – coisa que não me falta, como bem sabem os leitores mais antigos – e em nenhum momento da história contemporânea do país encontrei tal empenho dos grandes meios de comunicação em destruir a imagem de alguém.

Eis o que afasta as mulheres da política e explica por que elas, no Brasil, apesar de serem mais da metade da população, representam apenas cerca de dez por cento dos políticos. Para elas, seres sensíveis criados para dar amor aos filhos que geram, é mais difícil se exporem a ataques como os que Dilma está sofrendo.

É que as mulheres, quando se metem em política, a primeira agressão que sofrem é quanto ao aspecto sexual. Tal como vem acontecendo com Dilma, primeiro tratam de pintá-las como “vagabundas”.

Em blogs como o do Esgoto da Veja ou o do Noblat ou o do Josias de Souza ou como naqueles blogs apócrifos lá de Santa Catarina, os trolls postam comentários – os quais os blogueiros fingem não ver – acusando a candidata petista de ter sido “prostituta de guerrilheiros”, por exemplo.

Nos grandes jornais do PSDB (Folha, Estadão etc.), nos programas políticos da Globo News ou da CBN, nas revistas semanais, etc. e etc., Dilma é sempre pintada como mentirosa ou como incompetente pelas Elianes Cantanhêdes, Cristianas Lobos, Doras Kramer etc. Já a sua campanha, está sempre em crise. Mulheres para atacar mulher, essa é a estratégia.

Devem existir poucos seres humanos tão degenerados e incompetentes quanto essa Dilma que a imprensa golpista pinta.

Quem é da classe média das grandes cidades do Sul e do Sudeste tem a impressão de que a população está acreditando na imprensa quando ela diz que Dilma é tudo de ruim e que Serra, que só aparece bem na foto nos veículos supra mencionados e nos seus apêndices, é tudo de bom.

Globos, Folhas, Vejas e Estadões acham que as pessoas não notam o que estão fazendo.

Vejam só esse caso da foto de Norma Bengel no blog oficial de Dilma. A Folha de São Paulo, de longe o órgão de imprensa mais fiel a José Serra, pôs dois dos seus principais colunistas para atacarem a candidata do PT nos artigos A candidata Bengell e Norma Rousseff , nos quais ela é insultada virulentamente.

Alguém me sugeriu que a mídia deveria ter feito a mesma coisa com o plágio que a Veja fez para Serra da capa da revista Time, na qual Obama apareceu, em 2008, fazendo a mesma pose “meiga” que Serra fez há pouco na capa da publicação brasileira.

Não acho. Isso é coisa de marqueteiro e marqueteiros fazem essas coisas. O eleitorado não dá a menor bola, sobretudo em uma eleição como essa, quando a preocupação das pessoas é a de que o Brasil não volte a ser o que era. Claro que a Veja atuar como marqueteira de Serra é um fato relevante, mas não para o público. Talvez para a Justiça Eleitoral. Mas, para o público, tudo isso não vale nada.

A mídia, ao atacar Lula ininterruptamente por tanto tempo, terminou por envolvê-lo em uma camada de “teflon”. Isso havia acontecido com Maluf. Acontece porque se chega a um ponto em que as acusações já viram rotina e as pessoas passam a desconfiar.

Maluf se beneficiou do excesso de críticas por muito tempo até que ficasse demonstrado que as críticas que recebia tinham fundamento, o que envergonhou seu eleitorado e fez com que ficasse com raiva de seu eterno candidato. Mas se não tivesse sido preso, se não tivessem aparecido tantas provas contra ele, se tivesse ficado só na acusação, ele ainda seria um campeão de votos.

Como com Lula não aconteceu o que aconteceu com Maluf, até porque o presidente, à diferença do velho capo paulista, é um político de vida inatacável, esses sete anos e tanto de baixarias e ataques incessantes foram literalmente jogados fora.

Por tudo que aprendi de política nesses quase quarenta anos em que me interesso por ela de uma forma que chega a fazer as pessoas pensarem que tenho interesses próprios no assunto, estou convicto de que estão dando em Dilma Rousseff o mesmo banho de teflon que deram em Lula e em Maluf.

Escrito por Eduardo Guimarães às 17h26

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

Um comentário:

Pedro Jacintho disse...

A elite conservadora na atual conjuntura não tem um trunfo determinante para um pleito eleitoral majoritário, no caso em questão, a presidência, que é a capacidade formadora de opinião da mídia, sempre ao lado dos iguais, empresários também da grande mídia. Que maravilha a democracia, quanto mais velha mais o povo se educa. É como um bebê, para aprende andar toma-se muitos tombos, COLLOR e FHC foram bons exemplos destes tombos. Só com a liberdade para de se arrastar no chão é o que leva a caminhar com as próprias pernas. A democracia de hoje é assim. Diria até mesmo que se um meio de comunicação tomar algum partido nestas eleições incorrerá num sério risco de perda de credibilidade. O povo já está soberano. Quem quiser a vitória vai ter que ser merecedor dela, ou seja, apresentar argumentos bastante convincentes. Os velhos argumentos da oposição não são mais atraentes, alias fazem perder votos, como privatização e Estado mínimo, como se o Estado fosse inimigo do povo e não o contrário, a ferramenta de promoção social através da POLÌTICA. Como confiar em políticos que negam o Estado e afirmam que o mesmo é sempre um mau gestor. É a mesma coisa que admitir a própria incompetência, afinal quem gere o Estado são os HOMENS, logo devemos deixá-lo em boas mãos. Dilma 2010! Saudações!