Brizola Neto
“Com a Dilma não acho que o Brasil vai ser uma onça que mia como um gato. Vai ser uma onça que vai rugir como uma onça”.
A frase, do professor da UNB Argemiro Procópio, um especialista em relações comerciais entre Brasil e China, dita à Reuters na sexta-feira, começou a confirmar-se na madrugada de hoje, com o discurso da Presidente Dilma Rousseff a empresários e dirigentes chineses.
A presidente Dilma Rousseff afirmou, sem meias-palavras, que a prosperidade de uma nação não pode ser alcançada à custa de outras, e afirmou estar inaugurando um novo capitulo nas relações com a China.
- No mundo interdependente de nossos dias, nenhum país pode aspirar ao isolamento nem assegurar sua prosperidade à expensa de outros. Nenhuma nação ou grupo de nações pode agir como se seus interesses individuais estivessem acima do interesse coletivo. A estabilidade e o crescimento da economia mundial dependem de uma relação equilibrada entre as partes. Minha visita à China inaugura um novo capítulo na nossa relação.
Em outro discurso realizado mais cedo, Dilma defendeu que Brasil e China devem firmar parcerias comerciais nas mais diversas áreas.
- Mais que parceiros comerciais, queremos ser parceiros em pesquisa, tecnologia, inovação e desenvolvimento de produtos com tecnologia verdadeiramente binacionais.
Na matéria publicada hoje pela BBC, o diplomata Nelson Rapesta, a atitude de Dilma vai acentuar a tendência que já vinha se manifestando, à medida em que os chineses percebem que o Brasil não será mais aquele país que dizia aos estrangeiros que, se viessem com dinheiro, poderiam fazer o que quisessem por aqui
- A presidenta deu um recado claro e objetivo. E a gente já começa a ver uma mudança de postura da China. Já manifestaram a disposição, por exemplo, em identificar novos setores de investimento no Brasil.
A viagem de Dilma, por enquanto, já nos rendeu a reativação da fábrica da Embraer na China, a liberação de nossas exportações de carne suína – a China é disparado o maior consumidor mundial e tem uma produção em grande parte alimentada por nossas exportações de soja – e a implantação de um centro de pesquisas da gigante da informática Huawei, de US$ 300 milhões em Campinas.
Ninguém mais duvida que a China pode ser o grande parceiro econômico do Brasil. Mas só o será se formos um país altivo, que defenda seus interesses, como faz, aliás, a China.
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