segunda-feira, 19 de setembro de 2011

GRÉCIA VIVE O HORROR DA ERA FHC: FMI pede 100 mil demissões na Grécia

País é pressionado a aprovar novas medidas de austeridade para receber parcela de socorro; governo se reúne hoje com FMI, UE e BCE

Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / HERAKLION
Clima tenso. População grega protesta em frente ao Parlamento do país contra as medidas impostas pelo governo para conter a crise econômica - Yannis Behrakis/Reuters
Yannis Behrakis/Reuters
Clima tenso. População grega protesta em frente ao Parlamento do país contra as medidas impostas pelo governo para conter a crise econômica
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) exigem da Grécia a demissão de 100 mil funcionários públicos em quatro anos, o fechamento de emissoras de televisão estatais e uma série de novas medidas se o país quiser evitar um default. A exigência foi feita na sexta-feira, mas apenas ontem foi revelada por um jornal grego.
Na era FHC do PSDB era esse horror no Brasil. Era o FMI mandando e desmando na nossa economia, no nosso país. Por isso na era FHC o desemprego foi recorde, o crescimento ficou estagnado, e 54 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza. O país retrocedeu 20 anos com FHC/PSDB. Pobre Grécia!


O primeiro-ministro, George Papandreou, que estava a caminho da Assembleia Geral da ONU em Nova York, deu meia volta e se fechou no seu gabinete com ministros para estudar mais um programa de austeridade. Nas ruas, o clima é de frustração e irritação diante dos esforços que são exigidos da população. A oposição pede eleições antecipadas.
Ontem em Atenas, Papandreou reuniu seu gabinete em um clima de emergência nacional. Os ministros debateram o anúncio de mais uma rodada de medidas de austeridade como forma de garantir que a nova parcela do empréstimo de 8 bilhões seja liberada pelo FMI. Sem esse dinheiro, o governo alega que não terá recursos em caixa no fim de outubro. Mas a UE e o FMI alertam que, sem novas medidas de cortes de gastos, não há como aceitar a liberação dos recursos.
O jornal grego To Vima revelou ontem as novas exigências do FMI para permitir que essa parcela seja liberada. Entre as medidas, está um corte adicional de 20 mil funcionários públicos, além dos 80 mil que estavam para ser cortados até 2015. Essa seria apenas a primeira de 15 novas exigências do FMI. Outras ações incluiriam o corte de aposentadorias e salários, além do fechamento de serviços públicos. Os credores estimam que a Grécia não está conseguindo realizar os cortes que são exigidos desde 2009.
Há poucas semanas, um novo imposto sobre a propriedade foi estabelecido como forma de tentar garantir que o buraco no orçamento não passe dos prometidos 7,6% do PIB no fim do ano. Após a reunião, ministros evitaram entrar em detalhes sobre as exigências. Mas prometeram "decisões fortes" para enfrentar a nova crise.
"Se queremos evitar um default e continuar na zona do euro, precisamos tomar grandes decisões estratégicas" , disse o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, em uma coletiva. "Precisamos alcançar as metas fiscais de 2011 e 2012.".
O ministro se reunirá hoje com os técnicos do FMI, UE e Banco Central Europeu para tentar convencê-los de que a Grécia tem como adotar novas medidas de austeridade.
Para o líder da oposição, Antonis Samaras, rever as medidas de austeridade e renegociar um pacote de resgate já não podem ser feitos pelo atual governo. "Precisamos renegociar tudo", disse ontem, em uma coletiva de imprensa. Mesmo dentro do governo socialista, políticos já alertam que podem não apoiar uma nova rodada de medidas.
Derrota. No restante da Europa, a crise grega também continua a causar turbulências políticas. Ontem, o partido da chanceler alemã Angela Merkel sofreu uma dura derrota nas eleições regionais de Berlim. A queda de seu partido na região enfraqueceu sua capacidade de influenciar na votação no Parlamento no fim do mês sobre a aprovação de mecanismos na Europa para lidar com países em crise. O partido de esquerda venceu seis das sete eleições regionais neste ano.
A esperança era de que ganhasse o partido que faz parte da coalizão com Merkel no governo Mas isso não ocorreu. Ainda assim, o governo de Merkel fez um duro alerta ontem contra os gregos, apontando que chegou a hora de Atenas tomar uma decisão sobre o que quer fazer com sua integração na Europa. "Fazer parte da união monetária é uma oportunidade, mas também exige uma série de responsabilidades", afirmou o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, ao jornal Bild. "Os gregos precisam decidir se querem ou não assumir essas responsabilidades", completou.

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