Em café da manhã com jornalistas, Dilma Rousseff afirma não ter lido o livro A Privataria Tucana.
Segundo presidenta, CPI é para 'caso extremo', mas ela não comenta se
considera que denúncias se encaixam na definição. Ela diz que vai manter
'relações civilizadas' com oposição, pois ajuda Brasil na crise global e
porque falta delas 'é uma das piores doenças da democracia'.
BRASÍLIA –
A presidenta Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (16), durante café
da manhã de confraternização com jornalistas, que não leu o livro A Privataria Tucana,
que aponta corrupção em privatizações do governo Fernando Henrique e
envolvimento do ex-ministro e adversário dela na eleição de 2010, José
Serra.
O livro também conta os
bastidores de uma guerra por poder entre petistas na campanha
presidencial de Dilma no ano passado. O presidente do PT, Rui Falcão, um
dos personagens da disputa, processa o autor do livro, o jornalista
Amaury Ribeiro Jr.
Dilma evitou
comentar a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Privataria, na Câmara dos Deputados. Mas com uma declaração que admite interpretar que o governo talvez não ache uma boa ideia.
Para que o leitor tire sua própria conclusão, a reportagem reproduzirá o
diálogo da imprensa com Dilma sobre a CPI da Privataria.
Presidenta, a eventual instalação de uma CPI prejudicaria o governo dentro do Congresso?
“Eu acho que CPI se faz em caso extremo. Não vejo como eu poderia me manifestar sobre isso.”
Esse seria um caso extremo?
“Como eu vou saber?”
A presidenta disse que também não leu uma biografia dela, chamada A vida quer é coragem,
do jornalista Ricardo Amaral, que será lançada em Brasília nesta
sexta-feira (16). Amaral trabalhou na campanha presidencial de Dilma no
ano passado e afirma que o livro não teve autorização prévia dela para
ser escrito e publicado.
Civilidade com oposição
No
café da manhã, realizado no Palácio do Planalto com cerca de 50
jornalistas que acompanham o dia a dia da Presidência, Dilma fez um
balanço do primeiro ano de governo e afirmou ter com a oposição
“relações civilizadas”, que para ela “significa conversa”, e que
pretende manter isso em 2012. A ausência deste diálogo, disse, “é uma
das piores doenças da democracia”.
Um
dos maiores exemplos de “relação civilizada” de Dilma com os
adversários em 2011 talvez tenha sido a carta que ela mandou ao
ex-presidente Fernando Henrique para parabenizá-lo pelo aniversário de
80 anos, gesto que custou críticas nos bastidores de alguns petistas,
que vêem em FHC um símbolo, por contraste, do que foi o governo Lula.
Segundo
Dilma, esse tipo de convivência com a oposição ajuda o país a se
diferenciar de outro meio à crise econômica global. Enquanto o governo
aprovava no Congresso tudo o que propunha como medidas anti-crise, Dilma
disse ter vistos “relações extremamente incivilizadas, deletérias até”,
pelo mundo, como nos Estados Unidos, em que o governo Obama se
digladiou com os inimigos republicanos por causa do teto da dívida, e
alguns europeus.
A presidenta
disse ter uma “relação republicana” com governadores de oposição e citou
nominalmente os tucanos Geraldo Alckmin (São Paulo), Antonio Anastasia
(Minas) e Teotônio Vilela (Alagoas) e a única do DEM, Rosalba Ciarlini
(Rio Grande do Norte). “O problema do estado deles é meu também”,
afirmou.
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