No primeiro dia da CPI, o repórter Gustavo Ribeiro, o mesmo que tentou
invadir um quarto de hotel em Brasília, tenta investigar relações
comerciais privadas entre um veículo de comunicação, o 247, e seus
anunciantes; temor da Abril, comandada por Fábio Barbosa, diz respeito à
convocação de Civita e Policarpo
247 – Veículos de comunicação, em todos os países
livres, são mantidos por receita publicitária, tanto pública, como
privada. É o caso do Brasil 247, primeiro jornal brasileiro desenvolvido
para o iPad, e também da revista Veja. No nosso caso, a participação
privada na receita total é substancialmente maior do que a oriunda de
agentes públicos. Veja, além da receita publicitária tradicional,
pública e privada, conta ainda com vendas de assinaturas para governos,
em todas as esferas. A Abril, que edita Veja, também comercializa livros
didáticos.
Nesta tarde, dia da primeira sessão da CPI instalada para investigar as
atividades do bicheiro Carlos Cachoeira, o repórter Gustavo Ribeiro, o
mesmo que tentou invadir um quarto de hotel em Brasília, numa reportagem
produzida a partir de vídeos entregues pela quadrilha investigada pela
CPI, foi escalado para realizar mais um trabalho sujo. Subordinado ao
jornalista Policarpo Júnior, Ribeiro tentou constranger anunciantes
públicos e privados do 247 a fornecer informações protegidas por sigilo
comercial.
Veja está acuada. Teme que tanto o jornalista Policarpo Júnior como o
publisher Roberto Civita sejam convocados pela CPI. Trechos do inquérito
da Operação Monte Carlo, publicado pelo 247, revelam que diversas
matérias publicadas por Veja nos últimos anos foram dirigidas pelo
esquema Delta/Cachoeira (leia mais aqui).
Foi o caso, por exemplo, da tentativa de invasão de um quarto do Hotel
Naoum, em Brasília, que levou Gustavo Ribeiro à delegacia para se
explicar. Foi também o caso da reportagem que Carlos Cachoeira se
vangloriava de “colocar no r...” de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do
Dnit, que vinha contrariando interesses da Delta.
O que incomoda a revista Veja é o jornalismo independente do 247. Um
jornalismo que revelou, por exemplo, que o presidente da Abril, Fábio
Barbosa, foi a Brasília fazer lobby contra a convocação de Civita e
Policarpo. Na Inglaterra, um país livre, onde partidos e parlamentares
não se dobram à influência dos meios de comunicação, Rupert Murdoch foi
ouvido por uma CPI sobre os grampos ilegais do jornal News of the World.
Ontem, o parlamento inglês avaliou Murdoch como uma figura inabilitada
eticamente para conduzir um veículo de comunicação.
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