sábado, 26 de maio de 2012

A Agência de Notícias Dadá


Não se pode confundir Época com Veja.
Época caminhava para ser a alternativa legítima da Veja, até que o diretor Hélio Gurovitz cometeu o desatino de seguir os caminhos da rival e mergulhar de cabeça no estilo que se esgotava.
Pressionado pelos “furos” de Veja e pelas possíveis pressões da cúpula, o diretor da sucursal de Época entra em contato com o espião Dadá para obter os escândalos que contentassem Gurovitz. Mas não há indícios de parceria sistemática com o crime – como ocorreu com a Veja.
Ocorre o diálogo relatado pela Carta Capital. Faltou o último deles, no qual Carlinhos Cachoeira diz ter esquecido de avisar Dadá que ele próprio possuía 30% da construtora Warre – denunciada por Dadá para a Época.
Pelas conversas divulgadas até agora – especialmente esta e a de Carlinhos e Jairo sobre Policarpo – ficam claras algumas características desse imbróglio:
  1. Dadá era uma verdadeira agência de notícias, abastecendo vários veículos – Época, Andrea Michael, da Folha etc - e também a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). Coube a ele municiar a Época, o Jornal Nacional, o próprio Protógenes com as gravações da repórter Andreá Michael.
  2. No episódio Warre, Dadá se apresenta como assessor da Delta, recebendo de Cláudio Abreu (o diretor da Delta Centro-Oeste) a missão de detonar o concorrente. Não procura a Veja, mas a Época.
  3. Jairo é homem exclusivo de Cachoeira e informante exclusivo de Veja.
  4. A dobradinha Veja-Jornal Nacional era tão ostensiva que incomodava até os jornalistas da revista Época, conforme revelam os diálogos. O curioso é que a tal matéria do JN sobre o Ministério do Turismo foi uma enorme barriga, não corrigida até hoje. Nela, ouve-se o suposto segundo homem do Turismo combinar como montar uma prestação de contas. Quem o conhecia estranhou: a voz tinha sotaque goiano e o acusado pelo Jornal Nacional, apontado como dono da voz, era gaúcho.
Luis Nassif
No Advivo

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