CPI do Cachoeira deixa o anzol fisgando a revista Veja, mas ainda dá linha até junho
A CPI do Cachoeira teve reunião nesta quarta-feira, quando aprovou o plano de trabalho do relator deputado Odair Cunha (PT/MG) e aprovou também os requerimentos para ouvir os policiais federais e procuradores que investigaram as Operações Vegas e Monte Carlo, para ouvir o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o "personal araponga" de Gilmar Mendes, Jairo Martins, o ex-sargento Dadá, o ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu, e outros membros da organização Cachoeira menos famosos, como Jose Olímpio de Queiroga, Gleib Ferreira da Cruz, Geovani Pereira da Silva, Vladimir Garcez e Lenine de Sousa. O último a depor no mês será o senador Demóstenes Torres.
Há quem reclame da falta do chefe da sucursal da revista Veja, Policarpo
Junior, e do dono da editora, Roberto Civita neste primeiro lote. Mas
acho que a estratégia até aqui está certa, pelos motivos:
- Só agora os parlamentares terão acesso aos 200 telefonemas de
Policarpo com Cachoeira, e é importante analisar esse material antes de
ouvir blá-blá-blá.
- Se os parlamentares fizerem as perguntas certas para Cachoeira, Jairo
Martins, Dadá e Cláudio Abreu e outros que falaram com Policarpo e
citaram esquemas com a revista Veja, podem arrancar mais coisas que
esclareçam a relação com a revista, do que o próprio jornalista neste
momento inicial.
Além disso estas perguntas e respostas colocarão a revista
obrigatoriamente na pauta do PIG. Os veículos da velha imprensa que
deixarem de noticiar perguntas e respostas importantes que aparecem na
TV Câmara, sairão desmoralizados, principalmente com a blogosfera
fazendo a cobertura paralela, mais rápida e online.
Para a gente, blogueiros sujos, nada melhor do que convocar Policarpo e
Civita, quando o escândalo Veja-Cachoeira estiver bombando em grande
escala.
Se fosse chamado agora, Policarpo nada falaria de importante, alegando
sigilo da fonte, e também ficará em silêncio sobre qualquer coisa que
possa incriminá-lo. Mas se for chamado depois, e os parlamentares
conseguirem recolher antes evidências fortes contra ele, retiradas do
inquérito e do depoimento dos outros, ele pode até sentir necessidade de
falar para se defender.
O mesmo vale para os grãos-tucanos como os governadores Marconi Perillo (GO) e Siqueira Campos (TO).
No caso do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, também seria
improdutivo ouvir de novo o que ele já disse, inclusive em nota oficial.
Alegou que não havia material suficiente contra Demóstenes naquela
Operação. Assim, cabe aos membros da CPI ler o conteúdo da Operação
Vegas e, se encontrar elementos suficientes que exigiam do Procurador
outra atitude, Gurgel terá que ser afastado do cargo, e sair da condição
de investigador para investigado.
Eis a agenda de depoimentos na CPI de Cachoeira:
8 de maio – delegado da Polícia Federal (PF) Raul Alexandre Marques Souza, responsável pela Operação Vegas;
10 de maio – delegado da PF Mateus Rodrigues e procuradores (do
Ministério Público) Daniel Salgado e Lea Batista de Oliveira,
responsáveis pela Operação Monte Carlo;
15 de maio – Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira);
22 de maio – Jose Olímpio de Queiroga, Gleib Ferreira da Cruz,
Geovani Pereira da Silva, Vladimir Garcez e Lenine de Sousa, segundo o
relator “conhecidos integrantes da organização criminosa” de Cachoeira;
24 de maio – Idalberto Matias e Jairo Martins – considerados “espiões” do esquema de Cachoeira;
29 de maio – Cláudio Abreu, ex-diretor da Construtora Delta no Centro Oeste, envolvido no esquema de Cachoeira, segundo a PF;
31 de maio – senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), flagrado em conversas telefônicas com Cachoeira e seus auxiliares.
Os delegados e procuradores deverão falar em sessão fechada, para poderem falar sobre assuntos cobertos por sigilo.
ZéAugustoNo Amigos do Presidente Lula
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