Rupert Murdoch é dono de um dos maiores impérios de mídia do
mundo. Ele tem centenas de empresas que faturam perto de US$ 30 bilhões.
Com tudo isso, o relatório de uma CPI em andamento na Inglaterra acusa
Murdoch de "enganar o parlamento". A CPI britânica concluiu que
Murdoch e seu filho, James, fecharam os olhos para crimes cometidos por
suas empresas. Entre outros crimes, um dos jornais de Murdoch grampeou
os príncipes Harry e William.
O Brasil começa a viver a CPI do Cachoeira. Não é segredo que a
mídia também está no olho do furacão. E que parlamentares querem
investigar as relações entre o bicheiro Cachoeira, Demóstenes Torres e a
revista Veja. O ex-presidente Lula também acha que se deve investigar essas relações.
Na internet, que no Brasil tem algo como 80 milhões de usuários -48
milhões de usuários diários- o julgamento já começou. O julgamento na
internet dispensa provas. Cada um condena e absolve quem quiser. Bastam a
opinião e o desejo de cada um. Como, aliás, tem sido em quase toda a
mídia. Já uma CPI tem que investigar, de verdade, e provar. Até para
inocentar.
No caso em questão, à parte os fatos que ainda não foram devidamente
investigados, algo chama a atenção de parlamentares: como, em anos de
relação e escândalos, não se percebeu que Cachoeira era quem era? E
isso, com Cachoeira tendo sido personagem do "Caso Waldomiro", que anos antes foi noticiado também na Veja.
Na mídia, uma reportagem é fruto de decisões coletivas. A cultura é de
construções e procedimentos hierarquizados. Portanto, a escolha de bode
expiatório é um erro e é injusto. Mas, assim como legislativo, executivo
e o judiciário, a mídia pode cometer erros. E, como ensina agora a
Inglaterra, não há porque não examiná-los.
Há outro caso. Talvez até mais grave do que este, porque levou a um
choque entre poderes. Em 2008, o Ministro do Supremo Tribunal, Gilmar Mendes,
foi ao palácio e interpelou o Presidente da República. Mendes chamou
Lula "às falas", segundo suas próprias palavras. Gilmar Mendes e
Demóstenes Torres se disseram vítimas de um grampo da ABIN, conforme
capa da mesma revista Veja. A Polícia Federal investigou e não achou vestígio de grampo algum.
Mas, por conta desse grampo que ninguém ouviu, Paulo Lacerda,
então diretor da Abin, foi demitido e "exilado" em Portugal. E com o
grampo que ninguém sabe e ninguém ouviu, se começou a enterrar a
Operação Satiagraha. Aquela que prendeu o Banqueiro Daniel Dantas.
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